sábado, 28 de abril de 2012

O QUE É DEFICIÊNCIA INTELECTUAL OU ATRASO COGNITIVO?



"Deficiência intelectual ou atraso mental é um termo que se usa quando uma pessoa apresenta certas limitações no seu funcionamento mental e no desempenho de tarefas como as de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social.
Estas limitações provocam uma maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento dessas pessoas.
As crianças com atraso cognitivo podem precisar de mais tempo para aprender a falar, a caminhar e a aprender as competências necessárias para cuidar de si, tal como vestir-se ou comer com autonomia. É natural que enfrentem dificuldades na escola. No entanto aprenderão, mas necessitarão de mais tempo. É possível que algumas crianças não consigam aprender algumas coisas como qualquer pessoa que também não consegue aprender tudo.
 Causas
Os investigadores encontraram muitas causas da deficiência intelectual, as mais comuns são:
Condições genéticas: Por vezes, o atraso mental é causado por genes anormais herdados dos pais, por erros ou acidentes produzidos na altura em que os genes se combinam uns com os outros, ou ainda por outras razões de natureza genética. Alguns exemplos de condições genéticas propiciadoras do desenvolvimento de uma deficiência intelectual incluem a síndrome de Down ou a fenilcetonúria.
Problemas durante a gravidez: O atraso cognitivo pode resultar de um desenvolvimento inapropriado do embrião ou do feto durante a gravidez. Por exemplo, pode acontecer que, a quando da divisão das células, surjam problemas que afetem o desenvolvimento da criança. Uma mulher alcoólica ou que contraia uma infecção durante a gravidez, como a rubéola, por exemplo, pode também ter uma criança com problemas de desenvolvimento mental.
Problemas ao nascer: Se o bebê tem problemas durante o parto, como, por exemplo, se não recebe oxigênio suficiente, pode também acontecer que venha a ter problemas de desenvolvimento mental.
Problemas de saúde: Algumas doenças, como o sarampo ou a meningite podem estar na origem de uma deficiência mental, sobretudo se não forem tomados todos os cuidados de saúde necessários. A má  nutrição extrema ou a exposição a venenos como o mercúrio ou o chumbo podem também originar problemas graves para o desenvolvimento mental das crianças.
Nenhuma destas causas produz, por si só, uma deficiência intelectual. No entanto, constituem riscos, uns mais sérios outros menos, que convém evitar tanto quanto possível. Por exemplo, uma doença como a meningite não provoca forçosamente um atraso intelectual; o consumo excessivo de álcool durante a gravidez também não; todavia, constituem riscos demasiados graves para que não se procure todos os cuidados de saúde necessários para combater a doença, ou para que não se evite o consumo de álcool durante a gravidez.
A deficiência intelectual não é uma doença. Não pode ser contraída a partir do contágio com outras pessoas, nem o convívio com um deficiente intelectual provoca qualquer prejuízo em pessoas que  não o  sejam. O atraso cognitivo não é uma doença mental (sofrimento psíquico), como a depressão, esquizofrenia, por exemplo. Não sendo uma doença, também não faz sentido procurar ou esperar uma cura para a deficiência intelectual.
A grande maioria das crianças com deficiência intelectual consegue aprender a fazer muitas coisas úteis para a sua família, escola, sociedade e todas elas aprendem algo para sua utilidade e bem-estar da comunidade em que vivem. Para isso precisam, em regra, de mais tempo e de apoios para lograrem sucesso.
Diagnóstico
A deficiência intelectual ou atraso cognitivo diagnostica-se, observando duas coisas:
A capacidade do cérebro da pessoa para aprender, pensar, resolver problemas, encontrar um sentido do mundo, uma inteligência do mundo que as rodeia (a esta capacidade chama-se funcionamento cognitivo ou funcionamento intelectual)
A competência necessária para viver com autonomia e independência na comunidade em que se insere (a esta competência também se chama comportamento adaptativo ou funcionamento adaptativo).
Enquanto o diagnóstico do funcionamento cognitivo é normalmente realizado por técnicos devidamente habilitados (psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos, etc.), já o funcionamento adaptativo deve ser objeto de observação e análise por parte da família, dos pais e dos educadores que convivem com a criança.
Para obter dados a respeito do comportamento adaptativo deve procurar saber-se o que a criança consegue fazer em comparação com crianças da mesma idade cronológica.
Certas competências são muito importantes para a organização desse comportamento adaptativo:
As competências de vida diária, como vestir-se, tomar banho, comer.
As competências de comunicação, como compreender o que se diz e saber responder.
As competências sociais com os colegas, com os membros da família e com outros adultos e crianças.
Para diagnosticar a Deficiência Intelectual, os profissionais estudam as capacidades mentais da pessoa e as suas competências adaptativas. Estes dois aspectos fazem parte da definição de atraso cognitivo comum à maior parte dos cientistas que se dedicam ao estudo da deficiência intelectual.
O fato de se organizarem serviços de apoio a crianças e jovens com deficiência intelectual deve proporcionar uma melhor compreensão sobre a situação concreta da criança de quem se diz que tem um atraso cognitivo.
Após uma avaliação inicial, devem ser estudadas as potencialidades e as dificuldades que a criança apresenta. Deve também ser estudada a quantidade e natureza de apoio de que a criança possa necessitar para estar bem em casa, na escola e na comunidade.
Esta perspectiva global dá-nos uma visão realista de cada criança. Por outro lado, serve também para reconhecer que a “visão” inicial pode, e muitas vezes devem mudar ou evoluir. À medida que a criança vai crescendo e aprendendo, também a sua capacidade para encontrar o seu lugar, o seu melhor lugar, no mundo aumenta.
Freqüência
A maior parte dos estudos aponta para uma freqüência de 2% a 3% sobre as crianças com mais de 6 anos. Não é a mesma coisa determinar essa freqüência em crianças mais novas ou em adultos. A Administração dos EUA considera o valor de 3% para efeitos de planificação dos apoios a conceder a alunos com atraso cognitivo. Esta percentagem é um valor de referência que merece bastante credibilidade. Mas não é mais do que um valor de referência.
 Orientação aos Professores
Aprenda tudo o que puder sobre deficiência intelectual. Procure quem possa aconselhar na busca de bibliografia adequada ou utilize bibliotecas, internet, etc.
Reconheça que o seu empenho pode fazer uma grande diferença na vida de um aluno com deficiência ou sem deficiência. Procure saber quais são as potencialidades e interesses do aluno e concentre todos os seus esforços no seu desenvolvimento. Proporcione oportunidades de sucesso.
Participe ativamente na elaboração do Plano Individual de Ensino do aluno e Plano Educativo. Este plano contém as metas educativas, que se espera que o aluno venha a alcançar, e define responsabilidades da escola e de serviços externos para a boa condução do plano.
Seja tão concreto quanto possível para tornar a aprendizagem vivenciada. Demonstre o que pretende dizer. Não se limite a dar instruções verbais. Algumas instruções verbais devem ser acompanhadas de uma imagem de suporte, desenhos, cartazes. Mas também não se limite a apoiar as mensagens verbais com imagens. Sempre que necessário e possível, proporcione ao aluno materiais e experiências práticas e oportunidade de experimentar as coisas.
Divida as tarefas novas em passos pequenos. Demonstre como se realiza cada um desses passos. Proporcione ajuda, na justa medida da necessidade do aluno. Não deixe que o aluno abandone a tarefa numa situação de insucesso. Se for necessário, solicite ao aluno que seja ele a ajudar o professor a resolver o problema. Partilhe com o aluno o prazer de encontrar uma solução.
Acompanhe a realização de cada passo de uma tarefa com comentários imediatos e úteis para o prosseguimento da atividade.
Desenvolva no aluno competências de vida diária, competências sociais e de exploração e consciência do mundo envolvente. Incentive o aluno a participar em atividades de grupo e nas organizações da escola.
Trabalhe com os pais para elaborar e levar a cabo um plano educativo que respeite as necessidades do aluno. Partilhe regularmente informações sobre a situação do aluno na escola e em casa.
 Expectativas de futuro
Sabemos atualmente que 87% das crianças com deficiência intelectual só serão um pouco mais lentas do que a maioria das outras crianças na aprendizagem e aquisição de novas competências. Muitas vezes é mesmo difícil distingui-las de outras crianças com problemas de aprendizagem sem deficiência intelectual, sobretudo nos primeiros anos de escola. O que distingue umas das outras é o fato de que o deficiente intelectual não deixa de realizar e consolidar aprendizagens, mesmo quando ainda não possui as competências adequadas para integrá-las harmoniosamente no conjunto dos seus conhecimentos. Daqui resulta não um atraso simples que o tempo e a experiência ajudarão a compensar, mas um processo diferente de compreender o mundo. Essa diferente compreensão do mundo não deixa, por isso, de ser inteligente e mesmo muito adequada à resolução de inúmeros problemas do cotidiano. È possível que as suas limitações não sejam muito visíveis nos primeiros anos da infância. Mais tarde, na vida adulta, pode também acontecer que consigam levar uma vida bastante independente e responsável. Na verdade, as limitações serão visíveis em função das tarefas que lhes sejam pedidas.
Os restantes 13% terão muito mais dificuldades na escola, na sua vida familiar e comunitária. Uma pessoa com atraso mais severo necessitará de um apoio mais intensivo durante toda a sua vida.
Todas as pessoas com deficiência intelectual são capazes de crescer, aprender e desenvolver-se. Com a ajuda adequada, todas as crianças com deficiência intelectual podem viver de forma satisfatória a sua vida adulta.
Expectativas de futuro na Escola
Uma criança com deficiência intelectual pode obter resultados escolares muito interessantes. Mas nem sempre a adequação do currículo funcional ou individual às necessidades da criança exige meios adicionais muito distintos dos que devem ser providenciados a todos os alunos, sem exceção.
Antes de ir para a escola e até três anos de idade, a criança deve ser beneficiada por um sistema de intervenção precoce. Os educadores e outros técnicos do serviço de intervenção precoce devem pôr em prática um Plano Individual de Apoio à Família.
Este plano define as necessidades individuais e únicas da criança. Define também o tipo de apoio para responder a essas necessidades. Por outro lado, enquadra as necessidades da criança nas necessidades individuais e únicas da família, para que os pais e outros elementos da família saibam como ajudar a criança.
Quando a criança ingressa na Educação Infantil e depois no Ensino Fundamental, os educadores em parceria com a família devem por em prática um programa educativo que responda às necessidades individuais e únicas da criança. Este programa é em tudo idêntico ao anterior, só que ajustado à idade da criança e à sua inclusão no meio escolar. Define as necessidades do aluno e os tipos de apoio escolar e extra-escolar.
A maior parte dos alunos necessita de apoio para o desenvolvimento de competências adaptativas, necessárias para viver, trabalhar e divertir-se na comunidade.
Algumas destas competências incluem:
A comunicação com as outras pessoas.
Satisfazer necessidades pessoais (vestir-se, tomar banho).
Participar na vida familiar (pôr a mesa, limpar o pó, cozinhar).
Competências sociais (conhecer as regras de conversação, portar-se bem em grupo, jogar e divertir-se).
Saúde e segurança.
Leitura, escrita e matemática básica; e à medida que vão crescendo, competências que ajudarão a crianças na transição para a vida adulta."
Marina da Silveira Rodrigues Almeida
Consultora em Educação Inclusiva
Psicóloga e Pedagoga especialista
Instituto Inclusão Brasil

28 de abril - Dia da Educação

No Dia da Educação, parabenizo a todos os colegas educadores, que se empenham com amor, firmeza, paciência e decisão em sua tarefa de educar.




"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo de busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria." Paulo Freire

sábado, 14 de abril de 2012

A ESCOLA EM PÂNICO 2




Como os filmes em série, nossas escolas merecem todas as edições possíveis  para que exercitemos um olhar analítico, a partir da distância necessária para a crítica comprometida com o desejo de uma educação de qualidade. Os ângulos pelos quais me propus a desvelar nossa realidade são parte de minha vivência, minhas pesquisas e minha visão de educadora.

Dedico este post aos professores, aos quais transmito minha maior admiração e respeito. Os diversos artigos que tenho lido sobre educação tem colocado sobre os ombros do professor todos os encargos possíveis para gerar mudanças no quadro atual, com afirmações de que “o professor deve...”, “o educador precisa, necessita ...” . Além disso, apresentam-se conceitos sobre o perfil ideal de professor, que deve ser perseguido e executado urgentemente, caso contrário, o educador estará fadado ao total fracasso. Os adjetivos que os qualificam em uma categoria e outra vão desde “fascinantes” até “educador do futuro” para os poucos privilegiados, e “bons” e “despreparados”, para a grande maioria.

Ora, mas como é possível não sermos capazes de nos  reconhecer como seres capazes de educar, que precisam despertar suas habilidades adormecidas e utilizar nossa criatividade?  Como não percebemos que é hora de criarmos projetos inovadores, que ultrapassem a fronteira das teorias? Por que não entendemos que precisamos ter clareza de nossas obrigações e assumirmos nossas responsabilidades como cidadãos, enfrentando os desafios que certamente surgirão? Surgirão?

Segundo a afirmação de uma colega, “os educadores, necessariamente, deverão deixar de se esconder atrás de um quadro-negro e enfrentarem os desafios de hoje, de forma que possam criar seres felizes, revolucionários e empreendedores.” Então, pergunto: por que o quadro-negro tornou-se esconderijo? Como “criar” seres felizes, revolucionários e empreendedores quando o próprio educador é desvalorizado, agredido e exigido à exaustão?

De acordo com a Dra. Marilda Lipp, “a profissão e o trabalho irão determinar grande parte de nossas vidas. O trabalho satisfatório determina prazer, alegria e, sobretudo saúde”.  Trata-se de um investimento afetivo. Quando o trabalho é desprovido de significação, não é reconhecido ou é fonte de ameaças a integridade física e/ou psíquica, acaba por determinar o sofrimento do trabalhador. Uma serie de eventos podem ser causadores de stress no professor, como a falta de reconhecimento, a falta de respeito dos alunos, dos governantes e sociedade em geral, e principalmente a falta de remuneração e as horas usadas para correção de provas, trabalhos, etc., que subtraem uma parte de suas horas livres. Tudo isso pode levar o professor a insatisfação, desestímulo e à falta de perspectiva de crescimento.

O processo de ensino-aprendizagem pode sofrer influências do nível de stress do professor e, por conseguinte, afeta os alunos. Segundo afirma a Dra.Marilda Lipp: “o stress só existe porque o homem o toma para si, alimenta-o e o carrega consigo por onde anda, afetando os que cruzam este caminho”. No caso do professor, os que mais cruzam o seu caminho são os alunos. As principais dificuldades encontradas pelos professores alfabetizadores, por exemplo, são: falta de apoio e participação dos pais; o próprio processo de alfabetização; crianças altamente desinteressadas para aprender (desmotivadas); falta de apoio técnico especifico diante de crianças com dificuldade de aprendizagem e classes numerosas.

Já é confirmado, por meio de dados e números, o que empiricamente já se supunha, ou seja, o quão estressante se constitui a profissão docente na contemporaneidade. Investigar as causas desse estresse, diagnosticá-lo em suas fases iniciais pode lançar alguma luz na possibilidade de uma melhoria significativa na qualidade de vida dos professores, conduzindo a relações mais saudáveis entre os pares e entre todos os membros relacionados ao entorno escolar. Porém, essa compreensão ainda não despontou entre a maioria de nossos líderes políticos. O reconhecimento de que é necessária uma profunda mudança de percepção e de pensamento para garantir nossa sobrevivência, ainda não atingiu a maioria de nossos líderes, que não só deixam de reconhecer como diferentes problemas estão interrelacionados, como também se recusam a reconhecer como suas, assim chamadas, “soluções” afetam as gerações futuras.

Precisamos seriamente cuidar uns dos outros. Não teremos a escola que sonhamos e que educa, se continuarmos a destruir a nossa qualidade de vida, a qualidade de vida de nossos educadores. Que os japoneses nos sirvam de modelo.


domingo, 8 de abril de 2012

A ESCOLA EM PÂNICO



A partir de 2011 começou a valer a recomendação do Ministério da Educação (MEC) para que as escolas não reprovem os alunos dos três primeiros anos do ensino fundamental, criando um ciclo de alfabetização (?). A orientação do MEC faz parte de uma proposta do Conselho Nacional de Educação (CNE) para a estruturação dos nove anos da educação fundamental.  Aqui, no Rio Grande do Sul, sei de municípios que não reprovam até o 5º ano!

Segundo o Correio Brasiliense, no Distrito Federal a rede pública começou a trabalhar com o Bloco Inicial de Alfabetização (BIA) em 2005. Esta sistemática determina que alunos dos dois anos iniciais do ensino fundamental não podem repetir o ano. Mesmo assim, de acordo com dados do censo escolar 2009, o DF ainda tem uma taxa de 8,4% de reprovação nos quatro primeiros anos, sendo que no terceiro esse número sobe para 17,5%. A média brasileira para o primeiro é de 5%. Segundo a coordenadora do ensino fundamental da Secretaria de Educação do DF, Luciana da Silva Oliveira, esses dados refletem os números de repetência por falta... quando o aluno perde mais de 25% das aulas. Mesmo assim, admite que a taxa é alta.
Carlos Eduardo da Silva Sousa, 8 anos, é um dos exemplos desse novo método. Mesmo com dificuldades de aprendizado, seguiu para os anos seguintes até chegar ao fim do terceiro, quando reprovou. Segundo algumas de suas professoras, ele manteve uma postura brincalhona em relação às aulas durante os três primeiros anos, o que ele não nega. “Eu brincava toda hora, aí, reprovei. Minha mãe me deixou sem bicicleta por dois meses. Em português, minha nota é lá embaixo, mas eu tenho que passar agora para não ficar sem as coisas que eu gosto”, conta o menino.
Carlos Eduardo está nos dizendo que:
1.    é  uma criança que quer brincar, mas foi colocado em uma classe de 1º ano aos 6 anos. Concluiu a Classe de Educação Infantil aos 5 anos, onde o objetivo primordial era atender  aos desejos naturais de toda criança: compartilhar com colegas o espaço de ludicidade proporcionado pela escola;
2.    ao ingressar no 1º ano viu-se diante de uma realidade totalmente contrária a suas necessidades, inclusive de ambiente de sala de aula, onde foi obrigado a fazer uso de mesas e cadeiras inadequadas ao seu tamanho e idade, a sentar-se voltado para a professora e o quadro verde, a obedecer mais e mais regras a cada dia, a fazer silêncio, a não brincar com o coleguinha, a  aprender tudo o que a professora lhe ensinasse e a aguardar, ansioso, pelo momento de ir para o pátio e, finalmente, poder brincar;
3.    por não conseguir corresponder ao que os adultos esperavam dele foi reprovado e, para não perder o que mais gosta, vai empenhar-se ao máximo e tentar não detestar a escola.
É possível que não tenhamos entendido nada disso? Nós, educadores, que convivemos com  esta realidade, compreendemos todos os Carlos Eduardo que, a cada ano e cada vez mais pequeninos, ingressam em nossas escolas. É, para nós, muito mais penoso, vê-los perder o encanto natural da infância e o possível amor à escola e ao estudo, do que reprová-los. É muito mais difícil constatar que o número de crianças que chegam ao 4º e 5º ano sem saber ler e escrever, aumenta a cada ano que passa.

Que a educação precisa de investimento na formação do professor e a família tem que estar mais presente, são fatos indiscutíveis. Que reprovar um aluno é uma decisão que penaliza também o professor é verdadeiro. Mas, deixá-lo evoluir sem que ele tenha aprendido é enganá-lo, enganar a família e a nós mesmos, já que, mais cedo ou mais tarde, ele vai ser retido.

Para a professora da Universidade de Brasília (UnB), Fátima Guerra, a reprovação não é admissível em hipótese nenhuma e pode causar consequências negativas para a criança. “Quando há retenção do aluno, a reprovação é também da escola. Todos nós somos programados para aprender. Quando isso não acontece é preciso prestar atenção no que está acontecendo, mas a função da escola é ensinar”, argumenta. A professora foi secretária de Educação do DF e conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE) e acredita que a escola deve lutar pela aprendizagem do aluno e acabar naturalmente com a retenção.
Não concordo com a professora Fátima Guerra e fico ainda mais preocupada em saber que são pensamentos como os dela que tem tornado nossos dias como educadores cada vez mais difíceis e penosos. A função da escola sempre foi e sempre será a de ensinar, mas também queremos proporcionar a nossos alunos um ambiente de aprendizagem capaz de torná-los mais felizes e motivados, capazes de evoluir e crescer de forma harmônica. Neste momento, a escola não está realizando nenhuma destas funções adequadamente, prisioneira que está de fazedores de leis sem sentido e coerência. Infelizmente, não há como não estar em pânico...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

FELIZ PÁSCOA!



A Páscoa é o momento que nos remete a algumas atitudes de nossa fé. Tanto na primeira vez quanto na última ceia de Jesus, somos lembrados de que, para uma experiência de Deus que possa gerar vida se fazem necessários alguns deslocamentos: de tempo – quando deixamos de ser dominados por uma temporalidade marcada pela finitude e pela incompletude para viver na dimensão do oportuno, do vivido e do eterno; de espaço – quando deixamos de lado a preocupação centrada no eu para vivermos no espaço do outro, como um exílio de si mesmo; de ordem – quando deixamos a lógica que rege as ações humanas para vivermos a graça.
A Páscoa é essa afirmação do humano que descobre em Cristo que pode e deve viver diante de Deus como humano. Somos livres para assumir a nossa humanidade e, assim viver diante de Deus em total responsabilidade. Liberdade e responsabilidade se encontram como termos correlatos e é isso que nos aponta para nós mesmos, em nossa condição humana, para vivenciarmos a experiência de Deus com a consciência livre por meio de Cristo.
Irenio Silveira Chaves

UM BIG INÍCIO DE ANO!

Com certeza, não aconteceu apenas comigo. Este ano começou com força total, o que afastou qualquer possibilidade de postagem no blog. Duas escolas, reuniões pedagógicas, reuniões de pais, projetos, acompanhamentos, cursos... E muitas novidades que, na medida do possível, irei relatando. Começo com nossa reunião geral de educadoras do município, cujo destaque foi o cuidadoso preparo da Secretaria de Educação para a recepção ao tema que pautará nossas atividades nas escolas: o Rio Grande do Sul: sua história, sua gente. O salão, onde aconteceu o evento, foi preparado com espaços para a culinária gaúcha, suas tradições e culturas. Coube-me participar junto à apresentação das diversas correntes religiosas, contribuindo com minha prática espiritualista ao lado de uma benzedeira e uma representante da cultura afro-religiosa. A culinária foi saboreada por todos, durante o intervalo, e o evento foi encerrado com uma bela apresentação de chula. As imagens falam mais do que qualquer descrição que eu tente realizar. O Rio Grande merece todo esse destaque.