sexta-feira, 12 de outubro de 2012

SOBRE O TOM DE NOSSA VOZ



Martha Medeiros escreve artigos para o Jornal Zero Hora, que os publica a cada domingo. Um deles chamou minha atenção; "A educação está no ar". Reproduzo um trecho em especial, que aborda a questão do tom que colocamos em nossa voz em nossos contatos com os outros e, particularmente com as crianças. Leiam e reflitam.
"Tenho reparado na importância do tom de voz com que falamos uns com os outros, principalmente com os filhos. Podemos dizer a mesma frase com fúria, com ódio, com impaciência - ou com serenidade, com segurança, com amor. A mesmíssima frase: dependendo do tom de voz, serão duas formas totalmente distintas de se comunicar, e com resultados também diferentes.
Há muitos subentendidos no tom de voz. A pessoa que nos ouve percebe o nosso grau de comprometimento com o que estamos dizendo. Um simples "não", se dito de forma vacilante, não será obedecido. Ficará clara a ausência de seriedade daquela ordem. Já diante de um "não" categórico, ninguém discute: é rapidamente assimilado. Vale também para quando os filhos nos pedem algo de que não estão certos de ser merecedores, ou que desconfiam que não lhes fará bem. Sentimos na voz deles que o que eles querem, na verdade, é que imponhamos limite. Estão apenas testando nosso amor. Que desespero quando um filho nos pede algo absurdo com uma voz hesitante, quase implorando pelo nosso não, e os pais dizem um sim automático só para se livrar do assunto, sem reparar na sutileza do jogo que está se estabelecendo. Por não saberem escutar, muitos pais abandonam seus filhos dentro da própria casa em que vivem.
O tom de voz. A atmosfera do lar. Prestemos mais atenção no que o abstrato nos informa."