sábado, 30 de junho de 2012

A escola na visão das crianças



A pedido da Sociedade Brasileira de Pediatria, o Instituto de Pesquisas  Datafolha ouviu crianças de diversos pontos de nosso país, de 4 a 10 anos, que responderam a questões sobre o que as deixam realmente felizes. Esta é uma pesquisa inédita e, para os pesquisadores, havia uma dúvida quanto a estes fatores de felicidade estarem relacionados às condições sócio econômicas e culturais de nossas crianças. Para surpresa dos pesquisadores, nenhum destes aspectos foi relevante para contribuir para um grau menor ou maior de felicidade na infância.
Dedico especial atenção às questões relacionadas à escola. Quando perguntadas do que gostavam na escola, as crianças não titubearam: 91% citaram as férias e 89%, o recreio. A análise feita pela Coordenadora de Pedagogia da Unicamp (SP), Maria Márcia Malavasi, quanto ao resultado da pesquisa foi de que “elas gostam dos momentos em que podem brincar sem atividades guiadas”. Particularmente, considero preocupante e digno de uma avaliação mais aprofundada de todo educador brasileiro. Se o melhor que podemos oferecer a nossos alunos é o período de férias e o recreio, é evidente que não há interesse pela maior parte das aulas e assuntos. Precisamos transformar os conteúdos obrigatórios quanto à sua forma de apresentação, instigar, dar sentido e vida ao que se ensina em sala de aula. Nossos alunos precisam de desafios, de informações, de contextualização.
Mesmo conscientes da realidade, chegamos à sala de aula com a mesma forma de repasse de nossos antepassados. Falando de assuntos desconexos com a vida dos alunos, mesmo quando o próprio conteúdo naturalmente desperta o interesse dos pequenos. O assunto é o mesmo, mas existem formas de despertar a atenção dos estudantes. Do outro lado das carteiras estão seres humanos que já contém uma carga que os diferencia entre si e entre nosso mundo e o deles.
Podemos responsabilizar o Estado por não investir em capacitação, em reciclagem de manejos didáticos, por não valorizar os professores com salários dignos e admitirmos, enfim, que tudo está perdido. Assim podemos justificar nossa pobre atuação e manter o modo desinteressante de ensinar (afinal, a aprovação é automática mesmo!).
Tudo sempre esteve muito bem "arrumadinho": professor ensina algo inquestionável, aluno aprende e reproduz exatamente como aprendeu e todos são felizes para sempre, como nos contos de fada. Esse conto, porém, continua e depois do "final feliz", tem início um período sombrio, recheado de incertezas, novos paradigmas e impulsionado pela mudança cada vez mais intensa e freqüente.
Por outro lado, podemos  promover uma aprendizagem significativa como parte de um projeto educacional libertador, que visa à formação de homens conscientes de suas vidas e dos papéis que representam nelas. É impossível ensinar liberdade cerceando idéias, oprimindo participações e ditando verdades. Apercebermo-nos dessas atitudes é essencial para que iniciemos um real processo de transformação da nossa prática e venhamos a ter alunos que vêem no período que passam em sala de aula, o momento mais significativo e feliz de sua vida escolar.




domingo, 24 de junho de 2012

A importância da Psicomotricidade



É comum, nas escolas, crianças com distúrbios psicomotores. Embora aparentemente normais muitas vezes são incapazes de ler ou escrever, apresentando vários outros problemas que interferem no processo escolar. Pode até ser gerado por uma disfunção cerebral mínima, por um problema físico ou até mesmo emocional.
 O ideal seria que todos os educadores tivessem como alicerce para as suas atividades a psicomotricidade, pois fariam com que as crianças tivessem liberdade de realizar experiência com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais, desenvolvendo, assim, pouco a pouco, a confiança em si mesma e o melhor conhecimento de suas possibilidades e limites, condições necessárias para uma boa relação com o mundo. É interessante levar a criança a expor fatos vivenciados, com a finalidade de estabelecer uma ligação entre o imaginário e o real.
Na escola, é importante que se leve em consideração os aspectos:
 1. Socioafetivo: Favorecer sua auto-imagem positiva, valorizando suas possibilidades de ação e crescimento à medida que desenvolve seu processo de socialização e interage com o grupo independente de classe social, sexo ou etnia;
2. Cognitivo: Acreditar que, através das descobertas e resoluções de situações, ele constrói as noções e conceitos. Enfrentando desafios e trocando experiências com os colegas e adultos, ele desenvolve seu pensamento;
3. Psicomotor: Através da expansão de seus movimentos e exploração do corpo e do meio a sua volta. Realizando atividades que envolvam esquema eimagem corporal, lateralidade, relações temporoespaciais.
 O professor não deverá esquecer que o material de seu trabalho é o seu aluno. Portanto, não deverá preocupar-se apenas em preparar o ambiente escolar com cartazes, painéis, faixas. Mas em preparar a si mesmo. É necessário que ele conheça seu aluno, torne-se seu amigo.
 É a partir de uma relação autêntica e de confiança, estabelecida entre professor e aluno, que se poderão propor dinâmicas que auxiliem o desenvolvimento infantil, contribuindo na capacidade de expressão e de habilidades motoras das crianças.
 A autenticidade e a cumplicidade das relações no campo educacional, que podem ocorrer espontaneamente favorecem enormemente o desenvolvimento das habilidades psicomotoras de forma motivante e altamente significativa, facilitando assim, a aprendizagem e o desenvolvimento global das crianças.
 Para que haja intercâmbio entre professor X aluno X aprendizagem, o trabalho da psicomotricidade é da mais valiosa função, tanto no maternal como na pré-escola e alfabetização, por haver um estreito paralelismo entre o desenvolvimento das funções psíquicas que são as principais responsáveis pelo bom comportamento social e acadêmico do homem.
 É inegável que o exercício físico é muito necessário para o desenvolvimento mental, corporal e emocional do ser humano e em especial da criança. O exercício físico estimula a respiração, a circulação, o aparelho digestivo, além de fortalecer os ossos, músculos e aumentar a capacidade física geral, dando ao corpo um pleno desenvolvimento.
Quanto à parte mental, se a criança possuir um bom controle motor, poderá explorar o mundo exterior, fazer experiências concretas que ampliam o seu repertório de atividades e solução de problemas, adquirindo assim, várias noções básicas para o próprio desenvolvimento intelectual, o que permitirá também tomar conhecimento do mundo que a rodeia e ter domínio da relação corpo-meio.
 Quando o professor se conscientizar de que a educação pelo movimento é uma peça mestra do edifício pedagógico, que permite à criança resolver mais facilmente os problemas atuais de sua escolaridade e a prepara, por outro lado, para a sua existência futura no mundo adulto, essa atividade não ficará mais relegada ao segundo plano, sobretudo porque o professor constatará que esse material educativo não verbal, constituído pelo movimento é, por vezes, um meio insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver certas formas de atenção, por em jogo certos aspectos da inteligência.

sábado, 2 de junho de 2012

Educar com amor

É difícil lidar com alunos que, constantemente, nos fazem medir nosso grau de paciência e tolerância? Queixa constante de educadores, a indisciplina e o mau comportamento de alguns alunos transtornam até mesmo a capacidade de avaliá-lo com imparcialidade no Conselho de Classe. Quando perguntados sobre as intervenções realizadas, alguns mostram-se irritados e não aceitam a sugestão de tentar modificar o modo de agir e ver a questão. Os alunos estão mais indisciplinados ou nós, educadores, não sabemos ou conseguimos lidar com alunos difíceis? Para refletirmos sobre o tema, faço uso de um texto de Augusto Cury, que expressa meu ponto de vista sobre a questão.



SER IMPACIENTE E DESISTIR DE EDUCAR
Havia um aluno muito agressivo e inquieto. Ele perturbava a classe e arrumava frequentes confusões. Era insuportável, desacatava a todos. Repetia os mesmos erros com frequência. Parecia incorrigível. Os professores não o suportavam. Cogitaram de expulsá-lo.
          Antes da expulsão, entrou em cena um professor que resolveu investir no aluno. Todos acharam que era perda de tempo. Mesmo não tendo apoio dos colegas, ele começou a conversar com o jovem nos intervalos. No começo havia um monólogo, só o professor falava. Aos poucos, ele começou a envolver o aluno, a brincar e a levá-lo para tomar sorvete. Professor e aluno construíram uma ponte entre seus mundos. Você já construiu alguma vez uma ponte como esta com as pessoas difíceis?
          O professor descobriu que o pai do rapaz era alcoólatra e espancava tanto ele como a mãe. Compreendeu que o jovem, aparentemente insensível, já tinha chorado muito, e agora suas lágrimas estavam secas. Entendeu que sua agressividade era uma reação desesperada de quem estava pedindo ajuda. Só que ninguém decifrava sua linguagem. Seus gritos eram surdos. Era muito mais fácil julgá-lo. A dor da mãe e a violência do pai produziram zonas de conflitos na memória do rapaz. Sua agressividade era um eco da agressividade que recebia. Ele não era réu, era vítima. Seu mundo emocional não tinha cores. Não lhe deram o direito de brincar, sorrir e ver a vida com confiança. Agora, estava perdendo o direito de estudar, deter a única chance de ser um grande homem. Estava para ser expulso.
          Ao tomar conhecimento da situação, o professor começou a conquistá-lo. O jovem sentiu-se querido, apoiado e valorizado. O professor começou a educar-lhe a emoção. Ele percebeu, logo nos primeiros dias, que por trás de cada aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afeto.
          Não demorou muitas semanas para todos estarem espantados com a sua mudança. O rapaz, revoltado, começou a respeitar. O garoto agressivo começou a ser afetivo...
          Todos querem educar jovens dóceis, mas são os que nos frustram que testam nossa qualidade de educadores. São seus filhos complicados que testam a grandeza do seu amor. Seus alunos insuportáveis é que testam seu humanismo.
          Pais brilhantes e professores fascinantes não desistem dos jovens, ainda que eles os decepcionem e não lhes dêem retorno imediato. Paciência é seu segredo, a educação do afeto é sua meta.