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sábado, 15 de setembro de 2012

POR UMA ESCUTA AMOROSA



Conviver diariamente com crianças e, além disso, dispor-se a ouvi-las, sempre nos enriquece e permite que façamos algumas reflexões importantes. Em certa ocasião, ouvi de uma menininha de lindos olhos verdes, o relato de uma situação que lhe exigia tomar uma séria decisão. Do alto da sabedoria de seus 7 anos, contou-me que estava percebendo que os pais poderiam vir a separar-se e isto iria exigir dela que decidisse entre ficar com a mãe e o irmão menor, ou com o pai. Na verdade, ela não gostaria de ser forçada a escolher, porque sabia que, independente da decisão que viesse a tomar, iria sofrer muito com a ausência da mãe e do irmão ou do pai, as pessoas que mais amava. Fiquei pensando que a vida tem sido muito dura para nossas crianças, forçando-as a tomar atitudes adultas quando ainda estão vivendo na fase da inocência. E, a presença de fatos com um forte componente emocional, tem transformado o que deveria ser um período de brincadeiras e despreocupação, em angustia, dor e sofrimento. E, ainda queremos que elas alcancem excelentes resultados escolares! E, ainda é dito que: “afinal, só precisam estudar e nem isso conseguem...”  Mas, como ser capaz de manter-se atenta e concentrada, quando a cabecinha e o coração já estão tão sobrecarregados de problemas que lhes são impostos?  Então, deixo hoje o meu alerta a pais e educadores: ouçam as crianças, permitam que elas lhes digam o que lhes assombra o sono, o que as faz não brincar, não comer e, especialmente, silenciar. Precisamos sair de nós mesmos e abrir todo o espaço possível para a escuta amorosa e acolhedora. Abram seus braços: as crianças só esperam por este simples gesto para correr ao nosso encontro.

domingo, 8 de abril de 2012

A ESCOLA EM PÂNICO



A partir de 2011 começou a valer a recomendação do Ministério da Educação (MEC) para que as escolas não reprovem os alunos dos três primeiros anos do ensino fundamental, criando um ciclo de alfabetização (?). A orientação do MEC faz parte de uma proposta do Conselho Nacional de Educação (CNE) para a estruturação dos nove anos da educação fundamental.  Aqui, no Rio Grande do Sul, sei de municípios que não reprovam até o 5º ano!

Segundo o Correio Brasiliense, no Distrito Federal a rede pública começou a trabalhar com o Bloco Inicial de Alfabetização (BIA) em 2005. Esta sistemática determina que alunos dos dois anos iniciais do ensino fundamental não podem repetir o ano. Mesmo assim, de acordo com dados do censo escolar 2009, o DF ainda tem uma taxa de 8,4% de reprovação nos quatro primeiros anos, sendo que no terceiro esse número sobe para 17,5%. A média brasileira para o primeiro é de 5%. Segundo a coordenadora do ensino fundamental da Secretaria de Educação do DF, Luciana da Silva Oliveira, esses dados refletem os números de repetência por falta... quando o aluno perde mais de 25% das aulas. Mesmo assim, admite que a taxa é alta.
Carlos Eduardo da Silva Sousa, 8 anos, é um dos exemplos desse novo método. Mesmo com dificuldades de aprendizado, seguiu para os anos seguintes até chegar ao fim do terceiro, quando reprovou. Segundo algumas de suas professoras, ele manteve uma postura brincalhona em relação às aulas durante os três primeiros anos, o que ele não nega. “Eu brincava toda hora, aí, reprovei. Minha mãe me deixou sem bicicleta por dois meses. Em português, minha nota é lá embaixo, mas eu tenho que passar agora para não ficar sem as coisas que eu gosto”, conta o menino.
Carlos Eduardo está nos dizendo que:
1.    é  uma criança que quer brincar, mas foi colocado em uma classe de 1º ano aos 6 anos. Concluiu a Classe de Educação Infantil aos 5 anos, onde o objetivo primordial era atender  aos desejos naturais de toda criança: compartilhar com colegas o espaço de ludicidade proporcionado pela escola;
2.    ao ingressar no 1º ano viu-se diante de uma realidade totalmente contrária a suas necessidades, inclusive de ambiente de sala de aula, onde foi obrigado a fazer uso de mesas e cadeiras inadequadas ao seu tamanho e idade, a sentar-se voltado para a professora e o quadro verde, a obedecer mais e mais regras a cada dia, a fazer silêncio, a não brincar com o coleguinha, a  aprender tudo o que a professora lhe ensinasse e a aguardar, ansioso, pelo momento de ir para o pátio e, finalmente, poder brincar;
3.    por não conseguir corresponder ao que os adultos esperavam dele foi reprovado e, para não perder o que mais gosta, vai empenhar-se ao máximo e tentar não detestar a escola.
É possível que não tenhamos entendido nada disso? Nós, educadores, que convivemos com  esta realidade, compreendemos todos os Carlos Eduardo que, a cada ano e cada vez mais pequeninos, ingressam em nossas escolas. É, para nós, muito mais penoso, vê-los perder o encanto natural da infância e o possível amor à escola e ao estudo, do que reprová-los. É muito mais difícil constatar que o número de crianças que chegam ao 4º e 5º ano sem saber ler e escrever, aumenta a cada ano que passa.

Que a educação precisa de investimento na formação do professor e a família tem que estar mais presente, são fatos indiscutíveis. Que reprovar um aluno é uma decisão que penaliza também o professor é verdadeiro. Mas, deixá-lo evoluir sem que ele tenha aprendido é enganá-lo, enganar a família e a nós mesmos, já que, mais cedo ou mais tarde, ele vai ser retido.

Para a professora da Universidade de Brasília (UnB), Fátima Guerra, a reprovação não é admissível em hipótese nenhuma e pode causar consequências negativas para a criança. “Quando há retenção do aluno, a reprovação é também da escola. Todos nós somos programados para aprender. Quando isso não acontece é preciso prestar atenção no que está acontecendo, mas a função da escola é ensinar”, argumenta. A professora foi secretária de Educação do DF e conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE) e acredita que a escola deve lutar pela aprendizagem do aluno e acabar naturalmente com a retenção.
Não concordo com a professora Fátima Guerra e fico ainda mais preocupada em saber que são pensamentos como os dela que tem tornado nossos dias como educadores cada vez mais difíceis e penosos. A função da escola sempre foi e sempre será a de ensinar, mas também queremos proporcionar a nossos alunos um ambiente de aprendizagem capaz de torná-los mais felizes e motivados, capazes de evoluir e crescer de forma harmônica. Neste momento, a escola não está realizando nenhuma destas funções adequadamente, prisioneira que está de fazedores de leis sem sentido e coerência. Infelizmente, não há como não estar em pânico...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DE ONDE VEM A MALDADE?




A ciência desvendou os segredos da maldade. Hoje em dia, os pesquisadores já sabem que a crueldade se manifesta de forma biológica, como uma falha nos circuitos cerebrais, e que pode ter fatores sociais e genéticos. Em entrevista concedida à revista GALILEU, o psiquiatra Fábio Barbirato, chefe do setor de Neuropsiquiatria da Infância e da Adolescência da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, explicou  como essa maldade aparece nas crianças.

 Uma criança pode ser tão maldosa quanto um adulto?
Maldade pode ser definida como falta de empatia. Quando você provoca algum mal a alguém, é porque você não está muito preocupado com que essa pessoa venha se machucar fisicamente ou emocionalmente. Isso significa que você não se importa com o outro. A gente sabe que essa falta de empatia está ligada a algumas áreas do cérebro, como o córtex frontal. Ela também está ligada, em seus casos mais extremos, ao que os antigos chamavam de psicopatia e hoje nós chamamos de personalidade antissocial. O termo utilizado para definir essa mesma falta de empatia em uma criança é transtorno de conduta. Esse transtorno começa na infância e pode ser diagnosticado até os 17 anos. Ele se caracteriza justamente pela falta de empatia e remorso. Um paciente meu, por exemplo, foi proibido pela mãe de sair de casa porque tirou notas baixas. Ele pegou o cachorro da mãe e enfiou várias agulhas nele. Outro paciente pegou o cachorro da mãe e colocou dentro do microondas. E eles não se arrependem disso, falam sem nenhum tipo de remorso. A violência dessa criança pode ser física, ele pode ser aquele garoto que junta uma galera pra bater em outro menino porque ele é mais pobre ou negro, ou tem características homossexuais. Mas essa violência pode aparecer de outras formas – ele pode ser aquela criança que rouba a prova do amigo, por exemplo. Essa violência pode ser observada partir dos 5 anos de idade.

 Porque só conseguimos perceber esse transtorno a partir dos 5 anos?
A gente só pode fazer o diagnóstico a partir dos 5 anos de idade porque as áreas do cérebro ligadas ao comportamento inibitório só se desenvolvem a partir dessa idade. Depois disso, a criança já sabe o que é errado e certo. Sabe que, se machucar alguém, esse alguém vai sentir dor. Ela já consegue se colocar no lugar do outro e já tem a capacidade de inibir seu comportamento se perceber que vai fazer mal a alguém. Depois do diagnóstico, temos que incentivar a família, para não reforçar esse comportamento agressivo e não ser modelo dele.

 Quais as características que identificam a criança com transtorno de conduta?
São crianças que têm comportamentos perversos, agressivos. São aquelas que, quando podem roubar um brinquedo de alguém, vão lá e roubam. Aquelas que batem ou mordem os amigos, mas que fazem de modo que ninguém veja. São crianças que manipulam os adultos. Normalmente, elas são muito sedutoras, conseguem transformar a situação a seu favor. São extremamente inteligentes.

 Essa criança vai levar essas características para a vida adulta?
 70% a 90% dessas crianças desenvolvem uma personalidade antissocial.

 Temos como prevenir isso?
Quanto mais precoce for a identificação do transtorno, melhor. É importante perceber que seu filho está muito agressivo, não demonstra grandes arrependimentos. E aí procurar ajuda. Não há medicação nenhuma que mostre resultado nesses casos. São quadros que precisam de uma reestruturação familiar. A idéia não é ensinar e educar seu filho, mas mudar a dinâmica da família. Comportamentos positivos trazem benefícios muito maiores do que comportamentos negativos.

 Então o papel dos pais é importante no surgimento desses casos?
Não vou falar que eles são causadores, porque está provado que é uma questão orgânica, uma alteração do funcionamento normal do cérebro. Como a criança não tem freio inibitório, acaba tendo comportamentos inadequados. Mas, se o jovem tiver uma família que é mais próxima, que o ajude a perceber que esses atos são danosos aos outros, que o faça notar que o outro se sente incomodado pelas suas atitudes, é possível mudar seu comportamento. Para que, no futuro, esses jovens não tenham que passar por uma intervenção médica ou até mesmo uma internação em uma instituição correcional, como as antigas FEBEM. Porque, provavelmente, muitos dos jovens que estão internados nestas instituições são jovens com transtorno de conduta que não tiveram a facilidade de um diagnóstico precoce e uma ajuda familiar.

 A internação nesse tipo de instituição pode ajudar a recuperar a criança?
Os estudos mostram que é muito importante ter a família junto, para reforçar positivamente cada memória que o jovem tenha. É importante ele estar num ambiente que seja estimulante à melhora do comportamento. Nessas instituições, pelo contrário, ele está convivendo com jovens que também são agressivos, também são violentos e não mostram nenhum tipo de arrependimento. Isso só vai reforçar aquela atitude.

 Por parte de família, que tipo de comportamento poderia aumentar a empatia da criança?
Não existe uma regra, uma receita de bolo. A família tem que prestar atenção se o filho tem pouca empatia, pouco arrependimento, rouba coisinhas da creche. Eles não devem ter preconceitos e procurar uma ajuda o mais rápido possível. Devem procurar um profissional, psiquiatra ou psicólogo especializado nisso, porque assim podem prevenir que no futuro ele venha a ter problemas graves, desde agressividade até abuso de drogas.


Fonte: revistagalileu.globo.com

domingo, 30 de outubro de 2011

É preciso saber perder




Perder e ganhar são atitudes que se aprende. É muito bom ganhar, mas nem sempre isso é possível, pois a vida é feita de vitórias e derrotas. No entanto, algumas crianças apresentam um exagerado sentimento de desgosto e inconformismo quando expostas a resultados negativos, o que pode estar ligado a medos, inseguranças, estresse ou algum problema familiar.
 A escola se constitui em um espaço para a criança aprender a lidar com frustrações - seja por ter perdido um campeonato ou por não ter tirado a nota mais alta da sala -, porque ali ela está entre seus pares. É na fase escolar que acontecem importantes aprendizados para a vida adulta. Dentre eles está a aceitação e compreensão de nossas capacidades e limitações. A principal forma de se trabalhar essa questão na escola é conversando com a criança e dizendo a ela, de forma clara, que as frustrações fazem parte da vida de todos. Colocar limites desde cedo e criar uma rotina com obrigações simples também pode ajudar as crianças a aceitar melhor as negações quando elas ocorrerem.
Crianças que não sabem perder podem apresentar reações como: ficar calada e se isolar da turma; chorar; ficar brava e agressiva; ficar emburrada ou
 culpar o colega pelo seu fracasso. O comportamento da criança que se frustra com algo depende de sua personalidade.
Uma conversa, que deve acontecer no momento em que a frustração ocorrer, como forma de acolher a criança, pode ser a resposta para a angústia gerada.  Todas as atividades realizadas na escola são propícias para que o professor observe o comportamento dos alunos. Caso note que algum deles não se comporta bem quando perde (chora, abandona o jogo, age com agressividade etc.), conversar com ele, ajudando-o a entender que ninguém consegue ganhar sempre e que perder é natural, é sempre recomendado. Quando a criança perde um jogo ou tira uma nota baixa, ela tem que entender porque aquilo aconteceu e  não desistir diante de obstáculos.Veja a seguir, algumas dicas:
Ø  Diga que perder é chato, mas que isso não significa que ela vá perder sempre, e que ela pode pensar em uma estratégia para ganhar da próxima vez.
Ø  Explique que adultos também perdem, mas que, com o tempo, aprendem a lidar com isso.  Podemos, enquanto educadores, contar alguma situação real em que  perdemos ou que as coisas não saíram como imaginávamos.
Ø  Fale que ninguém é perfeito e que todos nós temos facilidades em algumas coisas e dificuldades em outras.
Ø  Ao jogar - um comportamento que atravessa séculos -, a criança descobre que ganhar e perder faz parte da vida e desenvolve estratégias para enfrentar várias situações e os adversários.
Ø  Jogos de tabuleiro revelam peculiaridades da cultura de um povo. Alguns tradicionais, como o Jogo da Glória, surgiram como forma de simbolizar a vida e a morte. Outros demonstravam em sua origem a importância das estratégias de guerra, como o xadrez, e as crenças de um povo, como o mancala.
Levando em conta essas características de comportamento e cultura, quando se transforma em espaço de jogo, a escola possibilita a construção de saberes. O desafio de uma partida proporciona a elaboração e a exploração de questões relacionadas à sociabilidade (que se dá por intermédio de regras) e ao desenvolvimento de estratégias. Detalhes que chamam a atenção para a possibilidade de trabalhar com tabuleiros sem a obrigatoriedade de vincular a atividade às áreas do conhecimento.
Ø   Estimular as crianças a ajudarem umas as outras. Por exemplo, a que tem mais facilidade em Português ajuda a que tem dificuldade nessa disciplina. Por sua vez, essa ajuda algum colega que tenha dificuldade em algo que ela tenha facilidade, e assim por diante.
 O mais importante é que as crianças percebam que todos nós temos facilidades e dificuldades, e que podemos ensinar nossos colegas e também aprender com eles, porque ninguém é bom em tudo e, muito menos, perfeito. E, o que não elaboramos na infância, pode tornar-se motivo de dificuldades maiores a serem enfrentadas na idade adulta.







terça-feira, 11 de outubro de 2011

O direito de ser criança.



Quando lembro da minha infância, minha criança interior sorri. Quantas brincadeiras e inocência povoaram os meus dias! E não vejo nenhum problema em ter vivido algumas décadas e ainda sentir a minha criança viva e presente. Porém, quando olho para nossas crianças hoje, me penalizo por ver que esta fase tão especial na vida, está ficando cada dia mais distante de suas existências.
Em 2003 ( lá se vão 9 anos...), li um texto de Helena Alves Costa, escritora e criadora do site www.fotopoesia.com ,  sobre o tema, e relendo-o hoje, percebo que não houve mudanças no quadro das vivências infantis, desde então. E, se olharmos bem, talvez cheguemos a conclusão que o tempo só fez agravar algumas situações. Analisemos o que a escritora escreveu:
 
"Você, com certeza, concorda que, toda criança deveria ter uma infância relativamente despreocupada e inocente. No entanto, é uma triste realidade que, para muitos meninos e meninas, essa infância não existe.
Para a maioria de nós, é difícil imaginar como se sente uma criança que é obrigada a viver nas ruas porque se sente mais segura ali do que em casa. Justamente quando mais precisam de proteção, essas crianças precisam se defender daqueles que supostamente deveriam amá-las e protegê-las, e têm de aprender a se virar sozinhas, muitas vezes caindo vítimas de exploradores. Outras praticam crimes para sobreviver, e a idade com que se envolvem com o crime está cada vez menor. Algumas garotas estão se tornando mães em idades espantosamente precoces; de fato, trata-se de uma criança tendo que cuidar de outra criança. Nessas e em diversas circunstâncias, a infância é a primeira coisa que se perde.
Em alguns casos, entretanto, pais com as melhores intenções possíveis estão acelerando o desenvolvimento das crianças, visando transformá-las em pequenos gênios. Excessivamente preocupados com o seu sucesso, os pais sobrecarregam as crianças com atividades extra-escolares, de esportes a aulas de inglês, balé ou música.
Naturalmente, não é errado estimular os interesses ou os talentos de uma criança. Mas existe o perigo do excesso. Algumas crianças sofrem quase tanta pressão quanto os adultos estressados. E a infância acaba sendo substituída por currículos e certificados.
Alguns pais sonham que seus filhos tenham carreiras de sucesso nos esportes, na música ou na televisão. Para isso, submetem seus filhos pequenos a uma disciplina rígida e incontáveis horas de treinamento. Em alguns casos, o exercício forçado pode prejudicar o desenvolvimento físico normal da criança, danificar os ossos, retardar ou adiantar a puberdade. E o tempo que era para brincar, lá se vai, em busca do sucesso que provavelmente não virá, e caso venha, submeterá a criança a uma pressão psicológica que ela provavelmente não está preparada para suportar. São bem conhecidas as histórias de artistas que fizeram muito sucesso enquanto ainda crianças e hoje estão envolvidos com drogas ou apresentam um comportamento rebelde ou anti-social.
Um outro perigo é quando os pais estão ocupados demais com seu trabalho e tentam compensar a sua ausência cobrindo a criança de mimos, dando aos filhos tudo que é possível em sentido material e deixando eles fazerem o que bem entenderem. Embora pais assim pensem que estão trabalhando para garantir a felicidade dos filhos, é bem possível que estejam fazendo exatamente o contrário.
Também é bem comum que pais que se separam usem a criança como confidente, despejando sobre ela um turbilhão de emoções e frustrações e exigindo que ela assuma o papel do outro “adulto” na família, sobrecarregando-a emocionalmente.
Em todos esses casos, o que os pais podem fazer para evitar acelerar o desenvolvimento da criança?
É importante lembrar que crianças SÃO CRIANÇAS, e não tentar forçá-las a seguir o seu ritmo, ou assumir fardos e deveres de adulto. Se você perdeu o marido ou a esposa, resista à tentação de usar uma criança como confidente. Em vez disso, procure um amigo de confiança com quem possa desabafar e que possa dar-lhe bons conselhos.
Além disso, não permita que o tempo da criança se torne tão programado a ponto de excluir a naturalidade e o prazer da infância. As crianças têm necessidade especial de brincar, de rir, de extravasar sua energia de maneira um tanto descompromissada. Não permita que as crianças adotem a filosofia de que “o importante é vencer”. Tampouco ceda à tendência de realizar  todos os caprichos de seus filhos. Pensando bem, eles ainda não têm idade suficiente para tomar todas as decisões.
Enfim, é importante ter equilíbrio. Disciplina sim, mas não a ponto de cercear completamente suas expressões, sua curiosidade, sua criatividade. E lembre-se: infância é tempo de SER CRIANÇA."
Que o dia 12 de ourubro nos ajude a refletir sobre a infância que estamos proporcionando a nossas crianças.

domingo, 17 de julho de 2011

Mais uma do Gustavo
















Dia de passeio ao zoológico para a turma do Gustavo e eu acompanhava a professora para auxiliar a cuidar das crianças. Todos já estavam na Topic, quando entrei e procurei um lugar para me sentar. Quando olhei para quem estava sentado ao meu lado, adivinhem...Lá estava o Gustavo. Ele me olhou, um tanto surpreso, e perguntou; "Tu vais ao zoológico conosco?" Ao ouvir minha resposta afirmativa, ele declarou: "Então, meu dia está completo. É a primeira vez que saio sozinho e tu vais estar comigo em um dia tão importante na minha vida." Ele não imagina o quanto torna os meus dias importantes, apenas com sua presença. Meu pequeno-grande amigo. 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Encantamento


Hoje vou dar uma pausa no tema da inclusão para falar de crianças que encantam. Vou chamá-lo de Gustavo. Em nosso primeiro contato, eu estava conversando com a professora de sua turma (1º ano) e senti uma mãozinha que tocava no meu braço, o que me fez olhar em sua direção. Ele disse: “Orientadora, a senhora precisa falar com meu colega João. Ele está perturbando a aula.” Desde aquele momento fui encantada pela magia que há no olhar e nas palavras de Gustavo. Fui procurar pelo colega citado por Gustavo e descobri que ele estava com razão: seu colega estava com problemas em casa e não conseguia controlar sua inquietação em sala de aula. Mais tarde, naquele mesmo dia, Gustavo me procurou, indagando: “Desculpe se estou atrapalhando, mas a senhora falou com meu colega?” Sentamos para conversar e eu lhe expliquei que muitas vezes as pessoas não conseguem se desligar de algum problema e onde quer que estejam, o problema está ali, incomodando, o que as torna muito inquietas. Ele me olhou, muito solene, e disse: “Eu entendo. Isto já me aconteceu quando sofri algumas perdas. Obrigada, Orientadora.” Me abraçou e voltou a brincar. Fiquei ali, sentada, olhando para aquela figurinha tão pequena e tão encantadoramente grande, e sorri. Mal sabia eu quantas vezes ainda Gustavo iria me fazer sorrir assim, de puro encantamento. Mas, isto vou contar outro dia.