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sábado, 15 de setembro de 2012

DISLEXIA E NEUROCIÊNCIA



Os distúrbios de aprendizagem podem ocorrer na infância, adolescência e também na fase adulta, e geram dificuldades que estão presentes no cotidiano e principalmente na vida escolar do sujeito. As principais características dos distúrbios de aprendizagem são as dificuldades específicas na leitura, escrita, fala, raciocínio e nas habilidades matemáticas.
É importante ressaltar que distúrbios e dificuldades de aprendizagem não são palavras sinônimas. As dificuldades de aprendizagem podem estar ligadas a problemas externos, como por exemplo, estrutura familiar, questões econômicas, dentre outras, e atingem a criança em nível individual, enquanto os distúrbios de aprendizagem se constituem em deficiências reversíveis, sendo necessário atenção, acompanhamento especial e formas de ensino apropriadas, ou seja, embora fatores externos possam influenciar de forma negativa nos distúrbios de aprendizagem, não são fatores determinantes.
Infelizmente, nem todos os profissionais da área educacional conseguem identificar os distúrbios de aprendizagem, visto ainda não terem se capacitado adequadamente para lidar com eles. Assim, acabam reforçando o discurso de que essas crianças são o alvo para explicar o fracasso escolar, ou seja, são rotuladas como preguiçosas, indisciplinadas, desinteressadas e por isso não aprendem e desistem da escola.
Sendo um dos distúrbios de maior incidência em sala de aula, a DISLEXIA é considerada a mãe dos distúrbios de aprendizagem e foi a partir da identificação deste problema que se buscou conhecer os outros distúrbios.
De origem congenita, a dislexia é um problema que afeta as habilidades linguísticas associadas a leitura e escrita, e se caracteriza pela dificuldade em assimilar os símbolos gráficos da linguagem. Seus sintomas são percebidos na fase inicial da alfabetização, chamando a atenção principalmente para as trocas excessivas de letras e números (p/b, t/d, 3/5) e pela falta de consciência fonológica (Faca/Vaca). Esse distúrbio faz com que uma criança de inteligência normal ou até mesmo superior, tenha dificuldade de ler e compreender com a mesma facilidade de uma criança não disléxica.
O diagnóstico da dislexia é multidisciplinar e envolve principalmente as áreas da psicopedagogia, psicologia e fonoaudiologia, podendo também buscar ajuda em outras áreas da ciência como a neurologia, oftalmologia, etc. O trabalho desses especialistas inclui dinâmicas com exercícios de memória, auditivos e visuais.
Somente a partir dos primeiros anos escolares é possível fazer um diagnóstico, pois nesta fase a criança começa a apresentar prejuízos significativos em relação aos seus pares. Na verdade, esses prejuízos são o resultado de uma série de desorganizações que já se apresentavam em fases anteriores a da alfabetização, nas funções básicas do desenvolvimento da linguagem, como: atraso na aquisição da linguagem oral, fala com dificuldades de pronúncia e muitas vezes referidas como “linguagem bebê”, omissão e inversão de sons em palavras (pipocas/popicas). Por isso, crianças disléxicas encontram grande dificuldade nas tarefas de leitura e escrita, e são muitas vezes incompreendidas em seu fracasso, desenvolvendo uma imagem negativa sobre si mesma que pode  acompanhá-la até a vida adulta.
Deve-se lembrar, no entanto, ao falar do processo de alfabetização, que diferente da linguagem, a leitura e a escrita não se desenvolvem por instinto, e seja para disléxicos ou não, são habilidades bastante complexas, as quais foram historicamente e culturalmente construídas pelo homem.
Nos últimos anos os avanços da neurociência tem se tornado um grande aliado dos neuroeducadores, tornando-se imprescindível e de fundamental importância no trabalho de intervenção clínica. Esta ciência vem desvendar para a psicopedagogia o que antes desconhecíamos, os mistérios que envolvem o cérebro no momento da aprendizagem, tornando possível conhecer como se processa a linguagem, memória, atenção, emoção, aprendizagem e outras.
Graças a neurociências, distúrbios de aprendizagem como a dislexia podem ser melhor compreendidos pelos neuroeducadores, que aliados a esta ciência tem subsídios para elaborar estratégias adequadas para uma intervenção clínica mais efetiva.
Celeste Chicarelli
Pedagoga

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O falso hiperativo

 Vanessa Prata


"O hiperativo não se concentra em nenhuma atividade por muito tempo, tem dificuldades em relacionar-se por ser bastante agitado, não termina de executar as atividades e, muitas vezes, por esse motivo, tem notas mais baixas, embora a grande maioria dos hiperativos seja inteligente. Já o impulsivo age sem pensar nas consequências e quando para e reflete pode ou não se arrepender. Os dois, no entanto, sofrem com problemas emocionais, autoestima baixa, insegurança e outros sentimentos."  Adriana Monteiro da Silva, coordenadora pedagógica de Educação Infantil e Ensino Fundamental I.
 Quem nunca teve um aluno que não para quieto um minuto em sala de aula, está sempre se movimentando, conversando, deixando os materiais cair ou que parece estar “no mundo da lua”? Muitas crianças agitadas, hoje em dia, são consideradas hiperativas e chegam a tomar remédios de uso controlado. É preciso atenção, no entanto, para não rotular um aluno de hiperativo sem um diagnóstico multidisciplinar, desenvolvido por médicos, psicólogos, pedagogos e outros especialistas.
Quando o aluno é muito desorganizado, a ponto de perder todos os seus pertences escolares, seus cadernos são amassados e borrados, a caligrafia é ilegível e ele não gosta de escrever, embora sendo  inteligente é importante realizar, com ele,  algumas combinações e muita conversa, com postura sempre firme, mostrando a ele suas responsabilidades e as consequências para cada uma de suas ações, sejam boas ou ruins. Estas características o definem como uma criança impulsiva e agitada,  e que pode desenvolver atitudes que favoreçam seu crescimento em harmonia consigo e com os demais, sem necessitar de medicamentos. A participação da família também é fundamental nesse processo, apoiando a escola e reforçando, em casa, as questões referentes à responsabilidade. Enquanto educadores, é importante  agir com muita cautela, pois cada caso é único, cada criança é única, com experiências de vida diferentes umas das outras. Confira as atividades propostas por Adriana para promover a socialização dos alunos e reforçar conceitos de organização e respeito ao próximo.
Boneco da amizade

Materiais:
• História ou poema que trate do tema amizade
• Molde da silhueta do boneco
• Lápis de cor
• Canetas hidrográficas
• Fita dupla face

      1.Em roda, leia o poema ou a história.
2. Lance a discussão baseada em questões como: é importante termos amigos? Por quê? Como temos que agir para sermos bons amigos? Como seria nossa vida sem amigos?
3. Finalize a discussão e inicie a atividade artística.
4. Distribua um molde da silhueta do boneco para cada aluno.
5. Peça que cada aluno faça sua própria decoração com lápis e canetas coloridas.
6. Quando todos os bonecos estiverem prontos, fixe-os no mural da sala ou do pátio da escola de modo que fiquem posicionados de mãos dadas, representando a amizade da turma.

Dica de leitura!



Ser Criança É Difícil! Coleção Viver e Aprender
Esse livro pretende mostrar às crianças a importância de serem o que são. Uma das características da sociedade moderna é o ritmo acelerado do desenvolvimento das crianças. Elas não apenas amadurecem mais cedo como são expostas desde pequenas a informações de todo tipo. Assim, são levadas a se preocupar com questões concretas e complexas, e acabam dedicando menos tempo ao que verdadeiramente interessa: serem simplesmente crianças.
Autora: Jennifer Moore-Mallinos
Editora: Escala Educacional

 • Dani Furacão- Coleção Sinto Tudo Isso e Mais um Pouco
Daniela, a Dani Furacão, relata diferentes situações em que explode de raiva. Quando é contrariada, suas explosões geram problemas de relacionamento com amigos e familiares. Até que, com ajuda dos pais, ela percebe que bater ou gritar não soluciona os problemas, Pelo contrário, cria outros. Ela aprende que o diálogo e o respeito trazem muito mais alegria e harmonia para a vida.
 Autora: Carmen Lúcia Campos
Editora: Escala Educacional

Onde encontrar:
www.escalaeducacional.com.br



domingo, 7 de agosto de 2011

Um texto para reflexão



Li, gostei e deixo para uma reflexão, o texto da Psicóloga Escolar Luciana Stoppa dos Santos, "Transtornos de Aprendizagem e Fracasso Escolar: uma correlação possível?"

"Não é raro professores receberem dos médicos um rol de estratégias pedagógicas a serem utilizadas com alunos com Dislexia e TDAH. O Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos (2009)  afirma: “sem dúvida o cérebro pode armazenar informações. Mas que tipo de informações? Os neurocientistas não tratam destas questões. Responder a elas é o trabalho de cientistas cognitivos, pesquisadores educacionais e outros estudiosos que investigam os efeitos das experiências sobre o comportamento e o potencial humano”. Mas será que os educadores estão assumindo seu importante papel de mediadores da aprendizagem? Estão sendo investigadores e “especialistas” em estratégias pedagógicas dentro da sala de aula? Corremos o risco do Fracasso Escolar tornar-se problema de saúde pública e não de educação, legando à Dislexia e ao TDAH as causas do “não aprender”, ou seja, reduz-se uma questão com sérias implicações culturais, econômicas e socais à um fenômeno biológico.
Não se trata de negar o substrato biológico, mas trata-se de ampliar a discussão de um problema que tem sérias implicações sociais, econômicas e culturais. Acredito que há muitas lacunas na formação do professor quanto às bases neurais da aprendizagem, contudo tal formação deve abordar questões relacionadas ao funcionamento do cérebro saudável, para então pensar no cérebro com o possível transtorno. Ao prover este tipo de formação o professor terá total condição de traçar estratégias pedagógicas para ensinar a todos e a cada um em suas especificidades. Quando esta privilegia o cérebro com transtorno, o perigo é intensificar avaliações subjetivas – os estereótipos – que corroboram o sucesso ou o fracasso escolar dos alunos.
Collares e Moysés  ressaltam esse processo quando afirmam que “a aprendizagem e a não-aprendizagem sempre são relatadas como algo individual, inerente ao aluno, um elemento meio mágico, ao qual o professor não tem acesso, portanto, também não tem responsabilidade”. O diagnóstico atribui (ainda que não explicitamente) a responsabilidade de não aprender unicamente à criança. Educadores, psicólogos e demais profissionais devem estar alertas às conseqüências da cultura de medicalização da sociedade, de um discurso que há séculos dita normas e padrões de saúde e doença, incluindo nestes “desvios da normalidade” as questões do “não aprender na escola”. Ainda que consideremos o TDAH e a Dislexia como fatores que interferem no não aprender, temos uma parcela imensa de crianças não diagnosticadas que não aprendem. E o que dizer daquelas que estão dentro da curva normal: será que estão aprendendo da melhor forma?

Acredito que estratégias eficientes para crianças com TDAH e Dislexia podem e devem ser utilizadas com todas as crianças, pois normalmente privilegiam a presença do educador junto ao aluno e conseqüentemente favorecem o olhar deste profissional para as peculiaridades do mesmo. Falar sobre o fracasso escolar implica discutir concepções de infância, de família e de escola, ampliando assim, o universo de reflexão e distanciando a questão da simples medicalização ou patologização do “não aprender”.Se outras discussões são necessárias, partamos a elas.
A criança dos últimos vinte anos cresce em espaços extremamente limitados e convive muito pouco com seus pais, sendo que os profissionais da escola são muitas vezes os únicos adultos com quem ela se relaciona durante um dia inteiro. Por sua vez, os pais educados de maneira repressiva e que por conta das exigências mercadológicas distanciam-se de seus filhos, compensam a ausência com excesso de mimos e de permissividade, não permitindo a eles desenvolverem a importantíssima capacidade de tolerar frustrações! Somado a isso, há o intenso bombardeio de informações vindas dos veículos de comunicação e a presença maciça e muitas vezes indiscriminada da tecnologia na vida de crianças bem pequenas. As mudanças de paradigmas são inevitáveis, porém vêm sempre acompanhadas de excessos: na tentativa de construir novas formas de ressignificar a vida, o ser humano acaba indo de um extremo ao outro! E as crianças tornam-se as maiores vítimas deste processo. O que dizer ainda do modelo educacional que segue à risca a cartilha da medicalização, padronizando e excluindo o que não se adapta: crianças portadoras de deficiência, por exemplo, conquistaram somente a partir da LDB de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases para a Educação – o direito de freqüentar as escolas regulares, fora das salas especiais (essa ainda é uma questão polêmica, pois muitas escolas não se adaptaram para receberem as crianças).  A educação médica privilegia o sintoma e deixa de lado o sentido de sua manifestação. Os “sintomas” que temos são: crianças inquietas, “indisciplinadas”, que não estão aprendendo e que continuam sendo ignoradas. Entretanto, cabe aos profissionais da educação e gestores públicos identificar as causas do fenômeno e aplicar as medidas adequadas para solucioná-lo. Solucionar os “problemas de não aprender” significa promover a reestruturação dos projetos político-pedagógicos e dos currículos. Tal reestruturação deve ser acompanhada de mudanças na concepção de aprendizagem, que estimula a competição e responsabiliza unicamente o aluno ou a escola pelo sucesso e pelo fracasso, ao ser referendada pelo resultado.
Além disso, importa ficar atento às manobras políticas que se travestem em políticas de equidade como slogans do tipo “Educação para todos”. Para o Estado, a “redução” nos índices de Fracasso, ou redução da Evasão Escolar, significa a diminuição de custos sociais (menores investimentos em cultura, lazer e prevenção de violência, visto que as crianças agora estão dentro da escola) e políticos (a sociedade deixa de pressionar o Estado). Agora o aluno não abandona a escola, afinal a aprovação é compulsória. Entretanto, Freitas [4] afirma que houve, desse modo, a internalização do fracasso, pois o sistema educacional transformou a exclusão formal em exclusão subjetiva ao criar trilhas desvalorizadas no interior da escola, usando recursos como salas de aceleração, reforço de ciclo e correção de fluxo.

Não critico a progressão continuada, pois acredito que a reprovação não garante o aprendizado. Ao contrário, aponto algumas deturpações no modelo brasileiro, que não a utiliza da maneira como foi concebida – aqui ela acaba sendo aprovação automática. Diante de polêmicas como estas, como ficam neurocientistas e educadores que se propõem a integrar as ciências do ensino-aprendizagem sem cair no lugar comum de apenas conhecer sobre a doença e seu diagnóstico? Qual o papel dos profissionais da educação que buscam essa nova forma de compreensão do fenômeno da aprendizagem? Acredito que a integração é aquela que busca dirimir qualquer concepção que exprima dualidade e considera os indivíduos a partir de seus determinantes subjetivos, sociais, culturais e biológicos. Dialogar e transitar por diferentes áreas de conhecimento – filosofia, antropologia, sociologia, psicologia, pedagogia e neurociência – é fundamental para o educador moderno, que cria novas possibilidades de trabalho dentro e fora da sala de aula e que tem papel decisivo na sistematização de novos conhecimentos e no direcionamento da agenda de pesquisas na academia."