sábado, 2 de junho de 2012

Educar com amor

É difícil lidar com alunos que, constantemente, nos fazem medir nosso grau de paciência e tolerância? Queixa constante de educadores, a indisciplina e o mau comportamento de alguns alunos transtornam até mesmo a capacidade de avaliá-lo com imparcialidade no Conselho de Classe. Quando perguntados sobre as intervenções realizadas, alguns mostram-se irritados e não aceitam a sugestão de tentar modificar o modo de agir e ver a questão. Os alunos estão mais indisciplinados ou nós, educadores, não sabemos ou conseguimos lidar com alunos difíceis? Para refletirmos sobre o tema, faço uso de um texto de Augusto Cury, que expressa meu ponto de vista sobre a questão.



SER IMPACIENTE E DESISTIR DE EDUCAR
Havia um aluno muito agressivo e inquieto. Ele perturbava a classe e arrumava frequentes confusões. Era insuportável, desacatava a todos. Repetia os mesmos erros com frequência. Parecia incorrigível. Os professores não o suportavam. Cogitaram de expulsá-lo.
          Antes da expulsão, entrou em cena um professor que resolveu investir no aluno. Todos acharam que era perda de tempo. Mesmo não tendo apoio dos colegas, ele começou a conversar com o jovem nos intervalos. No começo havia um monólogo, só o professor falava. Aos poucos, ele começou a envolver o aluno, a brincar e a levá-lo para tomar sorvete. Professor e aluno construíram uma ponte entre seus mundos. Você já construiu alguma vez uma ponte como esta com as pessoas difíceis?
          O professor descobriu que o pai do rapaz era alcoólatra e espancava tanto ele como a mãe. Compreendeu que o jovem, aparentemente insensível, já tinha chorado muito, e agora suas lágrimas estavam secas. Entendeu que sua agressividade era uma reação desesperada de quem estava pedindo ajuda. Só que ninguém decifrava sua linguagem. Seus gritos eram surdos. Era muito mais fácil julgá-lo. A dor da mãe e a violência do pai produziram zonas de conflitos na memória do rapaz. Sua agressividade era um eco da agressividade que recebia. Ele não era réu, era vítima. Seu mundo emocional não tinha cores. Não lhe deram o direito de brincar, sorrir e ver a vida com confiança. Agora, estava perdendo o direito de estudar, deter a única chance de ser um grande homem. Estava para ser expulso.
          Ao tomar conhecimento da situação, o professor começou a conquistá-lo. O jovem sentiu-se querido, apoiado e valorizado. O professor começou a educar-lhe a emoção. Ele percebeu, logo nos primeiros dias, que por trás de cada aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afeto.
          Não demorou muitas semanas para todos estarem espantados com a sua mudança. O rapaz, revoltado, começou a respeitar. O garoto agressivo começou a ser afetivo...
          Todos querem educar jovens dóceis, mas são os que nos frustram que testam nossa qualidade de educadores. São seus filhos complicados que testam a grandeza do seu amor. Seus alunos insuportáveis é que testam seu humanismo.
          Pais brilhantes e professores fascinantes não desistem dos jovens, ainda que eles os decepcionem e não lhes dêem retorno imediato. Paciência é seu segredo, a educação do afeto é sua meta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário