Conviver diariamente com crianças e, além disso, dispor-se a ouvi-las, sempre nos enriquece e permite que façamos algumas reflexões importantes. Em certa ocasião, ouvi de uma menininha de lindos olhos verdes, o relato de uma situação que lhe exigia tomar uma séria decisão. Do alto da sabedoria de seus 7 anos, contou-me que estava percebendo que os pais poderiam vir a separar-se e isto iria exigir dela que decidisse entre ficar com a mãe e o irmão menor, ou com o pai. Na verdade, ela não gostaria de ser forçada a escolher, porque sabia que, independente da decisão que viesse a tomar, iria sofrer muito com a ausência da mãe e do irmão ou do pai, as pessoas que mais amava. Fiquei pensando que a vida tem sido muito dura para nossas crianças, forçando-as a tomar atitudes adultas quando ainda estão vivendo na fase da inocência. E, a presença de fatos com um forte componente emocional, tem transformado o que deveria ser um período de brincadeiras e despreocupação, em angustia, dor e sofrimento. E, ainda queremos que elas alcancem excelentes resultados escolares! E, ainda é dito que: “afinal, só precisam estudar e nem isso conseguem...” Mas, como ser capaz de manter-se atenta e concentrada, quando a cabecinha e o coração já estão tão sobrecarregados de problemas que lhes são impostos? Então, deixo hoje o meu alerta a pais e educadores: ouçam as crianças, permitam que elas lhes digam o que lhes assombra o sono, o que as faz não brincar, não comer e, especialmente, silenciar. Precisamos sair de nós mesmos e abrir todo o espaço possível para a escuta amorosa e acolhedora. Abram seus braços: as crianças só esperam por este simples gesto para correr ao nosso encontro.
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