Letramento e Alfabetização: pensando a prática pedagógica
Desde muito cedo a criança interage com a linguagem oral no meio em que vive, com os pais e outros adultos que a cercam.
Através da oralidade as crianças entram em contato com diversas situações presentes na sociedade e no meio em que vivem.
Na escola as crianças passam a enfrentar situações mais formais e que não são comuns em seu dia-a-dia, seja no grupo familiar ou na comunidade.
Com relação à escrita acontece a mesma coisa.
Diariamente a criança é exposta à propagandas, placas, outdoors, rótulos de embalagens, escutam histórias, etc. e assim as crianças constroem-se como sujeitos letrados.
Sabemos que as crianças que entram em contato com estas experiências se motivam e começam a refletir sobre estas interações e diferentes características, usos e funções sociais da leitura e da escrita.
À escola cabe problematizar, refletir, possibilitar vivências e práticas reais de leitura e produção de textos diversificados e que reduzam as diferenças sociais assegurando a todos os estudantes o acesso a estas vivências.
Para desenvolver a autonomia na escrita e leitura é necessário que desde a educação infantil a escola se preocupe com o desenvolvimento de atividades que estimulem conhecimentos relativos à aprendizagem da escrita alfabética, assim como de conhecimentos ligados ao uso e a produção da linguagem escrita.
É necessário o estímulo e o gosto pela leitura.
Distinguindo alfabetização e letramento, alfabetização é o processo pelo qual a criança adquire as habilidades necessárias para a leitura.
Letramento é o processo que vai além do uso mecânico da leitura, é a leitura de mundo, a compreensão dos usos e a competência para compreender e interpretar o que se lê.
Neste contexto o ideal é que se alfabetize letrando. São duas ações distintas, mas não inseparáveis.
Ao pensarmos sobre os usos da leitura e da escrita no dia-a-dia nos deparamos com situações reais que não podem ser descartadas na nossa prática. Precisamos garantir que todos se apropriem das diferentes finalidades da leitura e da escrita já no inicio do processo de alfabetização.
Como defendido por Leal e Albuquerque (2005) a escola precisa contemplar:
· Situações de interação mediadas pela escrita em que se busca causar algum efeito sobre interlocutores em diferentes esferas de participação: meios de circulação, interlocução, comunicação direta, diferentes tipos de textos,...
· Situações voltadas para a construção e sistematização do conhecimento voltados para o auxílio, organização de resumos, esquemas, anotações, informações, memorizações,...
· Situações voltadas para a autoavaliação e expressão para si próprio de sentimentos, desejos, angústias, auxílio pessoal e resgate da identidade.
· Situações em que escrita é utilizada como automonitoração de suas próprias ações e organização do dia-a-dia como agendas, calendários, cronogramas,...
Tais atividades podem ser desenvolvidas desde a educação infantil, pois mesmo não sabendo ler podem-se realizar questionamentos partindo dos adultos e que levem a reflexão sobre o que se lê, para que e para quem se pode ler.
Autora: Viviane Fulber - Pedagoga
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