terça-feira, 11 de outubro de 2011

O direito de ser criança.



Quando lembro da minha infância, minha criança interior sorri. Quantas brincadeiras e inocência povoaram os meus dias! E não vejo nenhum problema em ter vivido algumas décadas e ainda sentir a minha criança viva e presente. Porém, quando olho para nossas crianças hoje, me penalizo por ver que esta fase tão especial na vida, está ficando cada dia mais distante de suas existências.
Em 2003 ( lá se vão 9 anos...), li um texto de Helena Alves Costa, escritora e criadora do site www.fotopoesia.com ,  sobre o tema, e relendo-o hoje, percebo que não houve mudanças no quadro das vivências infantis, desde então. E, se olharmos bem, talvez cheguemos a conclusão que o tempo só fez agravar algumas situações. Analisemos o que a escritora escreveu:
 
"Você, com certeza, concorda que, toda criança deveria ter uma infância relativamente despreocupada e inocente. No entanto, é uma triste realidade que, para muitos meninos e meninas, essa infância não existe.
Para a maioria de nós, é difícil imaginar como se sente uma criança que é obrigada a viver nas ruas porque se sente mais segura ali do que em casa. Justamente quando mais precisam de proteção, essas crianças precisam se defender daqueles que supostamente deveriam amá-las e protegê-las, e têm de aprender a se virar sozinhas, muitas vezes caindo vítimas de exploradores. Outras praticam crimes para sobreviver, e a idade com que se envolvem com o crime está cada vez menor. Algumas garotas estão se tornando mães em idades espantosamente precoces; de fato, trata-se de uma criança tendo que cuidar de outra criança. Nessas e em diversas circunstâncias, a infância é a primeira coisa que se perde.
Em alguns casos, entretanto, pais com as melhores intenções possíveis estão acelerando o desenvolvimento das crianças, visando transformá-las em pequenos gênios. Excessivamente preocupados com o seu sucesso, os pais sobrecarregam as crianças com atividades extra-escolares, de esportes a aulas de inglês, balé ou música.
Naturalmente, não é errado estimular os interesses ou os talentos de uma criança. Mas existe o perigo do excesso. Algumas crianças sofrem quase tanta pressão quanto os adultos estressados. E a infância acaba sendo substituída por currículos e certificados.
Alguns pais sonham que seus filhos tenham carreiras de sucesso nos esportes, na música ou na televisão. Para isso, submetem seus filhos pequenos a uma disciplina rígida e incontáveis horas de treinamento. Em alguns casos, o exercício forçado pode prejudicar o desenvolvimento físico normal da criança, danificar os ossos, retardar ou adiantar a puberdade. E o tempo que era para brincar, lá se vai, em busca do sucesso que provavelmente não virá, e caso venha, submeterá a criança a uma pressão psicológica que ela provavelmente não está preparada para suportar. São bem conhecidas as histórias de artistas que fizeram muito sucesso enquanto ainda crianças e hoje estão envolvidos com drogas ou apresentam um comportamento rebelde ou anti-social.
Um outro perigo é quando os pais estão ocupados demais com seu trabalho e tentam compensar a sua ausência cobrindo a criança de mimos, dando aos filhos tudo que é possível em sentido material e deixando eles fazerem o que bem entenderem. Embora pais assim pensem que estão trabalhando para garantir a felicidade dos filhos, é bem possível que estejam fazendo exatamente o contrário.
Também é bem comum que pais que se separam usem a criança como confidente, despejando sobre ela um turbilhão de emoções e frustrações e exigindo que ela assuma o papel do outro “adulto” na família, sobrecarregando-a emocionalmente.
Em todos esses casos, o que os pais podem fazer para evitar acelerar o desenvolvimento da criança?
É importante lembrar que crianças SÃO CRIANÇAS, e não tentar forçá-las a seguir o seu ritmo, ou assumir fardos e deveres de adulto. Se você perdeu o marido ou a esposa, resista à tentação de usar uma criança como confidente. Em vez disso, procure um amigo de confiança com quem possa desabafar e que possa dar-lhe bons conselhos.
Além disso, não permita que o tempo da criança se torne tão programado a ponto de excluir a naturalidade e o prazer da infância. As crianças têm necessidade especial de brincar, de rir, de extravasar sua energia de maneira um tanto descompromissada. Não permita que as crianças adotem a filosofia de que “o importante é vencer”. Tampouco ceda à tendência de realizar  todos os caprichos de seus filhos. Pensando bem, eles ainda não têm idade suficiente para tomar todas as decisões.
Enfim, é importante ter equilíbrio. Disciplina sim, mas não a ponto de cercear completamente suas expressões, sua curiosidade, sua criatividade. E lembre-se: infância é tempo de SER CRIANÇA."
Que o dia 12 de ourubro nos ajude a refletir sobre a infância que estamos proporcionando a nossas crianças.

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