domingo, 30 de outubro de 2011

É preciso saber perder




Perder e ganhar são atitudes que se aprende. É muito bom ganhar, mas nem sempre isso é possível, pois a vida é feita de vitórias e derrotas. No entanto, algumas crianças apresentam um exagerado sentimento de desgosto e inconformismo quando expostas a resultados negativos, o que pode estar ligado a medos, inseguranças, estresse ou algum problema familiar.
 A escola se constitui em um espaço para a criança aprender a lidar com frustrações - seja por ter perdido um campeonato ou por não ter tirado a nota mais alta da sala -, porque ali ela está entre seus pares. É na fase escolar que acontecem importantes aprendizados para a vida adulta. Dentre eles está a aceitação e compreensão de nossas capacidades e limitações. A principal forma de se trabalhar essa questão na escola é conversando com a criança e dizendo a ela, de forma clara, que as frustrações fazem parte da vida de todos. Colocar limites desde cedo e criar uma rotina com obrigações simples também pode ajudar as crianças a aceitar melhor as negações quando elas ocorrerem.
Crianças que não sabem perder podem apresentar reações como: ficar calada e se isolar da turma; chorar; ficar brava e agressiva; ficar emburrada ou
 culpar o colega pelo seu fracasso. O comportamento da criança que se frustra com algo depende de sua personalidade.
Uma conversa, que deve acontecer no momento em que a frustração ocorrer, como forma de acolher a criança, pode ser a resposta para a angústia gerada.  Todas as atividades realizadas na escola são propícias para que o professor observe o comportamento dos alunos. Caso note que algum deles não se comporta bem quando perde (chora, abandona o jogo, age com agressividade etc.), conversar com ele, ajudando-o a entender que ninguém consegue ganhar sempre e que perder é natural, é sempre recomendado. Quando a criança perde um jogo ou tira uma nota baixa, ela tem que entender porque aquilo aconteceu e  não desistir diante de obstáculos.Veja a seguir, algumas dicas:
Ø  Diga que perder é chato, mas que isso não significa que ela vá perder sempre, e que ela pode pensar em uma estratégia para ganhar da próxima vez.
Ø  Explique que adultos também perdem, mas que, com o tempo, aprendem a lidar com isso.  Podemos, enquanto educadores, contar alguma situação real em que  perdemos ou que as coisas não saíram como imaginávamos.
Ø  Fale que ninguém é perfeito e que todos nós temos facilidades em algumas coisas e dificuldades em outras.
Ø  Ao jogar - um comportamento que atravessa séculos -, a criança descobre que ganhar e perder faz parte da vida e desenvolve estratégias para enfrentar várias situações e os adversários.
Ø  Jogos de tabuleiro revelam peculiaridades da cultura de um povo. Alguns tradicionais, como o Jogo da Glória, surgiram como forma de simbolizar a vida e a morte. Outros demonstravam em sua origem a importância das estratégias de guerra, como o xadrez, e as crenças de um povo, como o mancala.
Levando em conta essas características de comportamento e cultura, quando se transforma em espaço de jogo, a escola possibilita a construção de saberes. O desafio de uma partida proporciona a elaboração e a exploração de questões relacionadas à sociabilidade (que se dá por intermédio de regras) e ao desenvolvimento de estratégias. Detalhes que chamam a atenção para a possibilidade de trabalhar com tabuleiros sem a obrigatoriedade de vincular a atividade às áreas do conhecimento.
Ø   Estimular as crianças a ajudarem umas as outras. Por exemplo, a que tem mais facilidade em Português ajuda a que tem dificuldade nessa disciplina. Por sua vez, essa ajuda algum colega que tenha dificuldade em algo que ela tenha facilidade, e assim por diante.
 O mais importante é que as crianças percebam que todos nós temos facilidades e dificuldades, e que podemos ensinar nossos colegas e também aprender com eles, porque ninguém é bom em tudo e, muito menos, perfeito. E, o que não elaboramos na infância, pode tornar-se motivo de dificuldades maiores a serem enfrentadas na idade adulta.







sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Diálogo Necessário

 


Ao pensar na morte, seja a simples idéia da própria morte ou a expectativa, mais do que certa, de morrer um dia, seja a idéia estimulada pela morte de um ente querido ou mesmo de alguém desconhecido, o ser humano maduro normalmente é tomado por sentimentos e reflexões.
Esses pensamentos, ou melhor, os sentimentos determinados por esses pensamentos variam muito entre as pessoas. Também variam muito entre diferentes momentos de uma mesma pessoa. Podem ser sentimentos confusos e dolorosos, serenos e plácidos, raivosos e rancorosos, racionais e lógicos, e assim por diante. 
Enfim, são sentimentos das mais variadas tonalidades.
Isso tudo pode significar que a morte, em si, pode representar algo totalmente diferente entre as diferentes pessoas, e totalmente diferente em diferentes épocas da vida de uma mesma pessoa.
Como educadores, temos diante de nós muitas vidas que, em algum momento, irão enfrentar perdas pelo falecimento de pessoas próximas. Como auxiliá-los a compreender e elaborar os próprios sentimentos? Esta reflexão nos leva também para a pessoa do educador e sua vivência relativa ao tema. Pelo fato de este ser um sentimento que nos torna a todos muito vulneráveis, o fato de sermos adultos responsáveis perante uma criança enlutada, requer um olhar de acolhimento a si mesmo. E, sob este aspecto, nem todos sentem-se preparados para trabalhar o tema morte com suas crianças.
Assim, busquei algumas referências que possam servir de auxílio aos educadores em sua atuação junto aos alunos.
Crianças não desconhecem a realidade da morte, elas têm sua forma própria de perceber, compreender e reagir a ela, forma esta que está sempre presente em suas brincadeiras, curiosidades e em suas próprias experiências de perdas e luto. O adulto que silencia diante da morte não está protegendo a criança, e sim, deixando-a sozinha com suas dúvidas, ansiedades, temores e fantasias. Na verdade, esta é a forma que o adulto encontra para proteger a si mesmo e a seus próprios temores. Ajudar-se também faz parte do crescimento emocional do educador. A partir daí, ficará mais fácil propiciar um espaço de discussão, reflexão e troca de experiências sobre a morte no universo infantil, a fim de encontrar formas adequadas e seguras de conversar com as crianças, de ajudá-las a melhor compreender e lidar com a morte e as perdas que irá sofrer no decorrer de sua vida.
Nos desenhos animados, a casa desaba e o personagem sai dos escombros ileso, lépido e faceiro. Como acreditar então em morte irreversível? Crianças entre dois e quatro anos raramente se perturbam e ficam ansiosas pela visão da morte, pois não têm idéia do que ela significa. A irreversibilidade é um conceito que ainda não existe nessa faixa etária. Esses sentimentos emergem por volta dos cinco ou seis anos. Um pouco mais tarde, por volta dos sete, começa a aparecer o sentimento de perda, ao mesmo tempo em que a criança começa a ler e a entender melhor a realidade que a cerca. Violência, câncer, acidentes e tóxicos já podem entrar no bate-papo. É justamente nessa fase que ocorrem a maioria das perguntas sobre a morte. As perguntas podem parecer difíceis até para os adultos – por que ela viveu tão pouco? Para onde ela foi? – mas as respostas devem ser simples e verdadeiras, baseadas nas suas crenças pessoais. Se o educador não sabe a resposta ou têm dúvidas sobre o assunto, pode dizer isso para a criança. O que vale é passar uma idéia na qual se acredita. É sempre preferível dizer a verdade - a sua verdade.
Como lidar com a situação:
> Diga sempre a verdade. Evite criar histórias mirabolantes e fantasiosas. Se disser que a pessoa que morreu foi para o céu, um lugar maravilhoso, cheio de brinquedos, por exemplo, a criança pode querer ir para lá também. Além disso, o pequeno nota a incoerência do argumento, pois se o lugar é tão bom, por que todos estão tristes?
> Respeite o tempo da criança. Ela pergunta de acordo com a sua capacidade de entender.
> Dê respostas curtas e objetivas. Avance apenas se a criança pedir mais explicações.
> Respeite o desejo da criança. Se ela faz questão de ir ao velório, leve-a (não precisa ficar o tempo todo).
> Use exemplos do cotidiano.
> Evite desmentir a versão da família. É importante saber como os familiares abordam a questão, para evitar conflitos à criança.  Se achar necessário, sugira ajuda profissional.

Para mais sugestões indico o site: http://www.persona-site.com.br/ , que, além deste, traz orientações sobre os mais diversos temas.
Alguns livros infantis que abordam o assunto:
Os Porquês do Coração (Conceil C. Silva)
Vó Nana (Margaret Wild)
Menina Nina (Ziraldo)
Eu vi mamãe nascer (Luiz Fernando Emediato)
A Montanha Encantada dos Cisnes Selvagens (Rubem Alves)
Quando os Dinossauros Morrem (M. Brown)
A história de uma folha (Leo Buscaglia)
Tempos de Vida (B.Mellonie e R. Ingpen).
É importante lembrar que, quando as crianças não fazem perguntas sobre a morte de um ser querido, não significa que não as tenham. Eles percebem que formulá-las abertamente provocaria angústia e incômodo nos adultos. Se não se falar sobre isso, aparecem sintomas (físicos e psíquicos) de diferente gravidade.
A verdade é triste, mas ignorá-la, pode adoecer.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O falso hiperativo

 Vanessa Prata


"O hiperativo não se concentra em nenhuma atividade por muito tempo, tem dificuldades em relacionar-se por ser bastante agitado, não termina de executar as atividades e, muitas vezes, por esse motivo, tem notas mais baixas, embora a grande maioria dos hiperativos seja inteligente. Já o impulsivo age sem pensar nas consequências e quando para e reflete pode ou não se arrepender. Os dois, no entanto, sofrem com problemas emocionais, autoestima baixa, insegurança e outros sentimentos."  Adriana Monteiro da Silva, coordenadora pedagógica de Educação Infantil e Ensino Fundamental I.
 Quem nunca teve um aluno que não para quieto um minuto em sala de aula, está sempre se movimentando, conversando, deixando os materiais cair ou que parece estar “no mundo da lua”? Muitas crianças agitadas, hoje em dia, são consideradas hiperativas e chegam a tomar remédios de uso controlado. É preciso atenção, no entanto, para não rotular um aluno de hiperativo sem um diagnóstico multidisciplinar, desenvolvido por médicos, psicólogos, pedagogos e outros especialistas.
Quando o aluno é muito desorganizado, a ponto de perder todos os seus pertences escolares, seus cadernos são amassados e borrados, a caligrafia é ilegível e ele não gosta de escrever, embora sendo  inteligente é importante realizar, com ele,  algumas combinações e muita conversa, com postura sempre firme, mostrando a ele suas responsabilidades e as consequências para cada uma de suas ações, sejam boas ou ruins. Estas características o definem como uma criança impulsiva e agitada,  e que pode desenvolver atitudes que favoreçam seu crescimento em harmonia consigo e com os demais, sem necessitar de medicamentos. A participação da família também é fundamental nesse processo, apoiando a escola e reforçando, em casa, as questões referentes à responsabilidade. Enquanto educadores, é importante  agir com muita cautela, pois cada caso é único, cada criança é única, com experiências de vida diferentes umas das outras. Confira as atividades propostas por Adriana para promover a socialização dos alunos e reforçar conceitos de organização e respeito ao próximo.
Boneco da amizade

Materiais:
• História ou poema que trate do tema amizade
• Molde da silhueta do boneco
• Lápis de cor
• Canetas hidrográficas
• Fita dupla face

      1.Em roda, leia o poema ou a história.
2. Lance a discussão baseada em questões como: é importante termos amigos? Por quê? Como temos que agir para sermos bons amigos? Como seria nossa vida sem amigos?
3. Finalize a discussão e inicie a atividade artística.
4. Distribua um molde da silhueta do boneco para cada aluno.
5. Peça que cada aluno faça sua própria decoração com lápis e canetas coloridas.
6. Quando todos os bonecos estiverem prontos, fixe-os no mural da sala ou do pátio da escola de modo que fiquem posicionados de mãos dadas, representando a amizade da turma.

Dica de leitura!



Ser Criança É Difícil! Coleção Viver e Aprender
Esse livro pretende mostrar às crianças a importância de serem o que são. Uma das características da sociedade moderna é o ritmo acelerado do desenvolvimento das crianças. Elas não apenas amadurecem mais cedo como são expostas desde pequenas a informações de todo tipo. Assim, são levadas a se preocupar com questões concretas e complexas, e acabam dedicando menos tempo ao que verdadeiramente interessa: serem simplesmente crianças.
Autora: Jennifer Moore-Mallinos
Editora: Escala Educacional

 • Dani Furacão- Coleção Sinto Tudo Isso e Mais um Pouco
Daniela, a Dani Furacão, relata diferentes situações em que explode de raiva. Quando é contrariada, suas explosões geram problemas de relacionamento com amigos e familiares. Até que, com ajuda dos pais, ela percebe que bater ou gritar não soluciona os problemas, Pelo contrário, cria outros. Ela aprende que o diálogo e o respeito trazem muito mais alegria e harmonia para a vida.
 Autora: Carmen Lúcia Campos
Editora: Escala Educacional

Onde encontrar:
www.escalaeducacional.com.br



quarta-feira, 26 de outubro de 2011

OS NOVOS PAIS

 

Em minha prática profissional tem sido recorrente e significante a presença de pais na escola. Uma tarefa que, algum tempo atrás, era de responsabilidade exclusiva das mães, agora conta com a figura paterna, muitas vezes sendo o único responsável pela guarda dos filhos após a separação, ou tendo mais tempo disponível para acompanhar o desenvolvimento escolar das crianças.
Em tempos nos quais o divórcio é completamente natural e a adoção por parte de casais de mesmo sexo já é mais aceita, o papel de pais e mães no seio da família é mais elástico e não tão padronizado como antigamente. Mesmo assim, algumas características persistem e a discussão sobre elas só tende a fazer crescer a qualidade da educação provida por pais envolvidos ativamente na criação de seus filhos.
Segundo estatística do IBGE, aumentou o número de crianças que desejam morar com o pai após o divórcio. Há vários motivos para isso. Excluindo casos extremos, a explicação passa longe de ser falta de amor pela mãe. A razão pode ser simplesmente um vínculo maior com o pai, ou mesmo o desejo de experimentar um novo estilo de vida. Será que o homem está preparado para assumir esse papel?
Ser pai não é duplicar a função de mãe, mas sim dar uma nova dimensão à vida da criança. A construção de relações afetivas duradouras e saudáveis, seja com o pai seja com a mãe, só traz vantagens para o desenvolvimento de uma criança: ao terem um papel mais ativo no acompanhamento dos seus filhos, vão contribuir para a formação de expectativas relativamente a relações futuras que as crianças possam vir a desenvolver.
Temos que distinguir entre o papel e a função de pai. O papel é mais normativo, tem a ver com as obrigações morais que ele deve ter diante de sua família. A função é algo mais profundo, diz respeito ao mundo interno da criança, à sua personalidade, seu lado emocional. É função do  pai estabelecer limites à criança, passar a idéia de que existem limites na vida. Essa é uma das principais funções do pai: estabelecer a noção de que a criança não é o centro do Universo, que ela convive em sociedade. A mãe madura, que não se sente culpada e ansiosa, também exerce essa função do limite. Ela explica para a criança que tem que trabalhar, que quer ver televisão, conversar com as amigas. Mas, em geral, a função é do pai, porque a mãe também tem esse desejo de simbiose, de ficar grudada com o filho.
Não é porque se deseja algo que teremos a capacidade interna de realizar aquilo. Um homem carente, que ainda espera receber do mundo, da mulher, dos amigos; que é queixoso, lamentoso, ele ainda é um filho. Ele ainda quer ser cuidado, se sente injustiçado por achar que não recebe o amor que merece. Esse desejo inconsciente vai criar conflitos com o desejo consciente de ser pai. Vão surgir conflitos porque ele não pode se doar tanto, já que não tem uma reserva emocional de amor grande e autoestima elevada. Ele vai querer ser um bom pai, mas não vai conseguir. Não é uma simples questão de deliberação.
Quanto a ser um pai presente ou ausente, o que se observa é que há várias dimensões de ausências. O pai pode, inclusive, estar junto e ser ausente. Pode ser presente fisicamente e ausente emocionalmente. Mas também pode estar distante fisicamente, mas presente emocionalmente, buscando na escola, ligando, conversando o tempo todo.
Quando a ausência é resultado da separação, este é um fato difícil para o pai e o filho administrarem. Em geral, percebe-se, na escola, mudanças no comportamento da criança (agressividade, choro, gritos, etc). A presença do pai na escola, disponibilizando-se a compartilhar, com equipe diretiva e educadores, as dificuldades que possa estar vivenciando na relação com a criança, pode ajudar efetivamente na mudança deste quadro. Arregaçando as mangas e indo à luta, qualquer pai pode desempenhar bem esse papel. O homem moderno é obrigado a improvisar e aprender na prática, e, quase sempre, se descobre um ótimo pai. Com uma postura diligente e carinhosa consegue estabelecer uma relação direta e imediata com o filho, aproximando-se mais dele. Quanto mais dedicação, compreensão e bom senso, maior será o fortalecimento dos vínculos familiares.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

MEC desiste de aumentar dias do ano letivo nas escolas do país


A Secretaria de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, publicou nesta quinta-feira (20/10) em seu twitter pessoal que o órgão desistiu da proposta de aumentar o ano letivo nas escolas brasileiras.
 Maria disse na web que "após reunião" realizada na última terça (18) "com professores, alunos, gestores, parlamentares, pesquisadores", não haverá aumento dos dias letivos de 200 para 220.

A secretaria afirmou também que ficou decidido por consenso que o aumento do tempo de aula nas escolas brasileiras será feito através da carga horária diária.

Também pela rede social, Maria do Pilar Lacerda adiantou que "para começar" todas as escolas do país devem ganhar "no mínimo" uma hora por dia em tempo de aula. Assim os alunos teriam cinco horas de ensino em vez de quatro, atual carga horária.

- O Legislativo receberá a proposta consensuada nesta reunião e assumida pelo MEC. Hoje, 15 mil escolas já tem jornada ampliada através do Mais Educação.

Atualmente, o ano letivo tem 200 dias, com carga horária de 800 horas. O aumento de quatro para cinco horas diárias, por exemplo, ampliaria a carga horária para mil horas. Em alguns países da Europa, Ásia e até mesmo da América Latina, a jornada chega a 1.200 horas anuais, como no México, ou 1.100 horas, como na Argentina. 

No entanto, um estudo divulgado pelo próprio MEC  no último dia 21 de setembro dizia que o aumento do ano letivo traria menos impacto nas contas do governo, uma vez que não seria necessário ampliar o espaço destinado às aulas dentro das escolas, de acordo com o realizador do estudo, Ricardo Paes de Barros, da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), da Presidência da República.

- Para aumentar o número de horas diárias, é preciso mais espaço na escola. Você vai manter os mesmos professores, o mesmo espaço da escola, vai somente esticar um pouco o ano.

O ministro Haddad admitiu na ocasião que o MEC ainda não tinha uma posição fechada, mas defendeu a idéia de que o aluno precisa passar mais tempo na escola.

- A carga horária anual é baixa no Brasil. Quatro horas por 200 dias é um caminho que nenhum país com educação avançada está trilhando. Então estamos conversando com os Secretários de Educação Estaduais para verificar se podemos ampliar essa jornada anual, ou o número de horas por dia, ou uma combinação das duas possibilidades.
Fonte: R7, com informações da Agência Brasil

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

AGENDE-SE!




A Associação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul (AOERGS) promove:

III CONGRESSO BRASILEIRO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
                             “Profissionais conversando sobre saberes”

XXII SEMINÁRIO ESTADUAL DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
                         “O Orientador Educacional na vida da Escola”

Data: 07 à 09/11/2011

Local do evento: Auditório do Colégio Bom Jesus Sévigné.
       Rua Duque de Caxias, n° 1475, Centro – Porto Alegre.

INVESTIMENTO
Até o dia 26 de outubro:
Associados da AOERGS/ASSERS e estudantes: R$ 50,00
Não – sócios: R$ 100,00
Após dia 26 de outubro:
Associados da AOERGS/ASSERS e estudantes: R$ 75,00
Não – sócios: R$ 150,00

Mais informações: (51) 3223.3487 / (51) 3227.1306

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Você sabe o que é o Dia da Mão Vermelha?


Saindo de nossa realidade diária e espichando o olhar para o que acontece pelo mundo, me deparei com a foto de uma criança armada. Não conheço e nem quero conhecer armas, mas o tamanho daquela que o menino portava era bem maior que ele. Além de a imagem ser chocante, chamou minha atenção o olhar daquela criança: uma mistura de tristeza e raiva. Já vi esse olhar em uma criança que atendi há 4 anos atrás, que presenciou o assassinato dos pais. A criança da foto, como milhares espalhadas pelo mundo, vive a dura realidade do conflito armado na pele, como um soldado.
Segundo as Nações Unidas, centenas de milhares de crianças participam de lutas armadas no mundo. Membros da Al-Qaeda,por exemplo, produziram um filme de animação para recrutar crianças e jovens muçulmanos para a luta armada contra o Ocidente, segundo informação da fundação britânica Quilliam, que combate o extremismo. Cenas do filme mostram jovens vestidos com uniformes de guerra  participando em ataques, mortes e atentados terroristas. Das 300.000 crianças-soldados usadas no mundo, 100.000 estão na África, e dessas, 30.000 estão na República Democrática do Congo (RDC), segundo a ONU. Na Somália, rebeldes radicais islâmicos arrancam crianças dos campos de futebol e das brincadeiras infantis para transformá-los em combatentes.
Situações dramáticas com estas citadas acima fazem surgir, como contraponto, entidades a nível mundial que lutam pelo direito da criança em viver uma infância com dignidade, desenvolvendo seus potenciais e, junto com suas famílias e comunidades, ser sujeito da sua evolução e história.

 A Kindernothilfe – KNH - é um exemplo: fundada em 1959 na Alemanha, com enfoque na criança e no adolescente, tem por objetivo  melhorar as condições de vida de crianças e adolescentes que vivem nos países mais pobres do mundo. A KNH apóia mais de 300.000 crianças e adolescentes em 27 países situados na África, América Latina, Ásia, e no Leste europeu. A ajuda dá-se, principalmente, através do apadrinhamento de crianças, através do qual elas recebem acompanhamento até chegarem à maioridade. Além disto, apóia projetos de assistência à ex –crianças-soldado.
Atualmente, existem cerca de 20 conflitos armados, nos quais crianças e adolescentes são aliciadas e obrigadas a fazerem parte, às vezes, de exércitos nacionais, e também de forças ou grupos armados. Muitos desses jovens são recrutados à força, outros se alistam voluntariamente, porque quase não vêem, ou não têm, outra alternativa. Os motivos deste suposto "voluntariado" são a falta de ocupação ou formação profissional e o desejo de escapar à violência no próprio ambiente familiar. A vingança também é fator que impulsiona o alistamento voluntário de crianças e adolescentes, devido a perda de um ente querido em consequência de conflitos armados ou guerras.
A vida de crianças-soldado é dura e perigosa, pois geralmente atuam como mensageiras, carregadoras, espiãs, e, muitas vezes, também precisam transportar explosivos e aprender a manejar pistolas, fuzis e metralhadoras. As meninas frequentemente são obrigadas a satisfazerem os desejos sexuais de soldados nos acampamentos. As crianças-soldado não são somente vítimas em conflitos armados, elas também são, ao mesmo tempo, réus e rés. Como prova de "dureza", muitas vezes, são obrigadas, sob pena de morte, a assassinar amigos e membros da própria família. As crianças também são usadas como soldados pelo fato de serem mais maleáveis e dóceis do que os adultos e, por isso, podem ser melhor doutrinadas para matar e obedecer. Em muitos casos, isto ocorre sob a influência de drogas e bebida alcoólica. As crianças que passam por estas experiências sofrem de danos emocionais e físicos - muitas vezes irreparáveis - durante a vida toda.
O dia 2 de fevereiro de 2002, marca a data de início da vigência do Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas. Este dia é comemorado internacionalmente como o dia de combate ao recrutamento de crianças-soldado e chamado de Dia da Mão Vermelha (Red hand day). O símbolo da luta é uma mão vermelha com a seguinte mensagem: Pare! A mão vermelha é utilizada como símbolo da campanha mundial da Coalizão para Acabar com a Utilização de Crianças-Soldado (Coalition to Stop the Use of Child Soldiers) e também da aliança Coordenação Alemã de Combate ao Recrutamento de Crianças-Soldado (Deutsches Bündnis Kindersoldaten).
Não pode haver maior violação dos Direitos Humanos do que impor a uma criança que se torne uma assassina, muitas vezes, da própria família. O que lhe é roubado não poderá jamais ser devolvido. Por este triste caminho, a humanidade não encontrará a paz. Resta-nos acolher aqueles que são resgatados com o máximo de amor e consideração e ajudá-los a cicatrizar suas feridas emocionais. É mais que um dever: é uma obrigação.
Que muitas Mãos Vermelhas se levantem todos os dias, até que chegue o dia em que não haverá mais ninguém no mundo com mãos abaixadas.





quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O poder da modificabilidade humana

 Por Charlotte Fermum Lessa



A prática da inclusão social requer um preparo e dedicação especiais. Centenas de professores formam-se anualmente no Brasil, sem nem ao menos saber o que significa trabalhar com alunos deficientes, particularmente, deficientes intelectuais. Não se põem no currículo da maioria das faculdades de Pedagogia matérias relacionadas com este tema. Levando em conta o elevado índice de deficiência intelectual em nosso país, esta atitude parece revelar certo preconceito, ou, no mínimo, indiferença.

A filosofia da inclusão de alunos deficientes em salas de aula convencionais pegou a maioria dos professores de “calças curtas”. A idéia de inclusão, apesar de excelente, requer muito mais preparo e atenção por parte da nossa liderança educacional, do que se lhe tem concedido.

A idéia que se tem do deficiente intelectual é que ele é limitado, e que só consegue produzir até certo ponto, dependendo de seu Quociente Intelectual (QI). Mesmo quem trabalha com educação especial parece permanecer dentro deste limite. Pouco se acredita na sua capacidade de ir além do esperado. Todo professor sabe que qualquer criança não irá, realmente, além daquilo que se espera dela.

Feuerstein surgiu na constelação da educação para despertar a consciência de pais, professores e terapeutas no sentido de que, se acreditarmos que é possível ir além das expectativas, e trabalharmos neste sentido, isto acontecerá. Crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem e com deficiência intelectual, estão se beneficiando da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, surpreendendo o mundo com seus resultados.

Espero contribuir para despertar a consciência de educadores e terapeutas, no sentido de buscarem o conhecimento que os levará além da estreita visão que, por várias razões, impede o desempenho do deficiente intelectual e da criança com dificuldades de aprendizagem; e despertar, também, o interesse por mudar os conceitos arcaicos e comodistas, incentivando sua atuação em favor dos que sofrem os horrores do preconceito e da rotulagem. Com toda certeza, Reuven Feuerstein partilha plenamente deste profundo desejo.

Conheça o Dr. Feuerstein
Reuven Feuerstein nasceu na cidade de Botosan, num pequeno povoado na Romênia, em 21 de agosto de 1921. De origem judia, Reuven tinha oito irmãos, sendo ele o quinto filho. O pai era rabino.

A mãe de Reuven costumava reunir os nove filhos aos sábados, pedindo-lhes que recordassem as coisas importantes que aprenderam durante a semana. Assim, cada filho relatava detalhadamente o que havia aprendido na escola e fora dela, como havia aprendido e que dificuldades haviam conseguido superar. Este costume familiar exerceu forte influência sobre a vida de Feuerstein, ajudando-o a solucionar seus próprios problemas depois de adulto.

Além desse aspecto cultural específico ligado ao respeito pelo passado, esses encontros estavam muito relacionados à questão da transferência de aprendizagens: relembrar e aplicar, sempre acompanhados da valorização das aprendizagens e da ampliação de seus significados. Essa intermediação intencional desencadeada pela mãe junto às crianças parece ter marcado profundamente o menino Reuven e seus irmãos.

Aos três anos de idade aprendeu a ler a Torá. Aos sete anos, já na escola, aprendeu sua língua materna, o iídiche. Com frequência era chamado pelos colegas para ajudá-los na leitura e na compreensão dos textos. Nessa época ensinou um rapaz de quinze anos a ler. Este jovem era considerado o “tolo da cidade”. Esta experiência revelou a Feuerstein que a mediação é um excelente instrumento de modificabilidade, e que as pessoas, não importa seu passado, ou sua idade, são modificáveis. Ele provou isto quando, aos nove anos, ensinou um senhor de sessenta anos a ler a Bíblia.

Em abril de 1944 emigrou para Israel onde se casou com Bertha Gugenheim, com quem teve quatro filhos. Mais tarde lecionou na Escola Agrícola de Mikvet-Israel, perto de Tel Aviv, onde teve contato com cerca de trezentas crianças e jovens, vítimas do Holocausto, consideradas deficientes intelectuais irrecuperáveis. Aceitou o desafio de trabalhar com essas pessoas, obtendo cem por cento de sucesso. Cada uma delas se tornou um cidadão normal, útil e produtivo.

Em 1949 teve um princípio de tuberculose e aproveitou o período que passou hospitalizado (seis meses) para aprender inglês, francês e alemão.

Em 1952 formou-se em Psicologia Geral; em 1954, licenciou-se em Psicologia; em 1970 obteve o grau de doutor em Psicologia do Desenvolvimento na Universidade de Sorbonne, Paris. Foi aluno de Piaget e trabalhou com André Rey.

Em 1980 publicou o Programa de Enriquecimento Instrumental – PEI, e seu modelo de psicodiagnóstico – LPAD – Avaliação Dinâmica do Potencial de Aprendizagem. Nesses trabalhos suas teorias educacionais são transformadas em sistemas de intervenção e avaliação. Em 1988 lançou o livro Don’t Accept me as I Am (Não me Aceite Como Sou), que sintetiza suas pesquisas. Em 2003, com o filho, Rafi, criou a Avaliação Dinâmica da Propensão Para a Aprendizagem – LPAD-B, e o Programa de Enriquecimento Instrumental Básico – PEI-B.

Atualmente o PEI é aplicado em cerca de 50 países. No Brasil, o PEI é aplicado em todas as escolas públicas de Ensino Médio do Estado da Bahia.

A Modificabilidade Cognitiva Estrutural
Talvez você esteja se perguntando:

- Por que modificabilidade, e não mudança?
Porque mudança refere-se a toda transformação produzida por processos de desenvolvimento e amadurecimento:
·                    Pela idade
·                    Pelo desenvolvimento biológico – crescimento
·                    Pela evolução das capacidades – inteligência.

Modificabilidade

A MODIFICABILIDADE implica em transformações da estrutura do intelecto para melhor adaptação às necessidades e às situações da vida. Consiste no distanciamento significativo do curso normal do desenvolvimento do indivíduo determinado pelo contexto genético, neurofisiológico e pela experiência educativa.

Na Modificabilidade a mudança é permanente, contínua e sistemática; é quantitativa, consistente e intrínseca; é flexível, adaptável e disponível.

Cognitiva


 O sentido do termo COGNITIVA nos remete à capacidade de processar informações. Está intimamente relacionada com aprendizagem e com capacidade de adaptação, sendo dependentes dos processos de input, elaboração e output.

Estrutural


E por que ESTRUTURAL? Porque a cognição sofre transformações de ordem sistêmica e multiponencial: atenção, percepção, memória, planificação, controle, expressão. Muda-se toda sua maneira de funcionar. A modificabilidade, depois de instalada (cristalizada) tende a ser vitalícia.

Aceitação Passiva x Modificação Ativa

“O que frequentemente ocorre é uma aceitação tácita da dificuldade, às vezes, até por uma chamada questão ‘humanitária’ de não exigir daquele que não pode responder. Diante desta situação Feuerstein distingue duas posturas básicas frente ao desafio de atender uma pessoa com retardo, posicionando-se pela segunda:

1. Aceitação passiva
2. Modificação ativa.

Na primeira, relaciona os seguintes preconceitos:
·                    o indivíduo retardado é incapaz de mudar;
·                    não vale a pena fazer grandes investimentos;
·                    a instrução deve ser o mais concreta possível, pois essas pessoas não conseguem abstrair;
·                    deve-se investir precocemente na preparação para o trabalho, para permitir a independência;
·                    o indivíduo atrasado deve permanecer num ambiente mais uniforme e seguro que não lhe seja hostil;
·                    deve-se solicitar trabalhos que não ofereçam riscos, mesmo que haja interesse.

A segunda postura, a de modificação ativa, com a qual Feuerstein fortemente se identifica, baseia-se nos seguintes pressupostos:
·                    o ser humano é um sistema aberto a mudanças, portanto o indivíduo com retardo pode, também, modificar-se;
·                    a instrução deve favorecer o desenvolvimento das funções cognitivas;
·                    o indivíduo deve receber programa de instrução acadêmica enquanto estiver motivado para tal e fazendo progressos;
·                    a integração é bem vista e produtiva, portanto, permanecer junto a estudantes ‘normais’ em situações específicas onde possam ser ativos, é muito favorável;
·                    deve-se oferecer conteúdo funcional de linguagem escrita e matemática que permita independência, bem como preparar para locomoção independente.”

A Teoria na Prática

E como lidar com as recusas, a desatenção, a falta de apoio da família no caso de crianças com déficits cognitivos? Se estamos falando de inclusão, elas provavelmente estarão inseridas em escolas convencionais que, na maioria dos casos no Brasil, são constituídas de classes superlotadas. Como dar atenção a elas? Como fazer para que elas se interessem, que acreditem em si mesmas, que sintam que vale à pena lutar? Como lhes mostrar que são pessoas de valor, que são capazes, que não são, em nada, menos importantes que os colegas? Aí está o grande desafio.

Assim como nem todos os músicos são Carlos Gomes, nem todos os médicos são Ben Carson, nem todos os cientistas são Einstein, e nem todos os dramaturgos são Shakespeare, assim, nem todos os professores são gênios.

Mas, anime-se: gênios, ou não, eles têm poder para escolher:
·                    Crer no potencial da criança;
·                    Estar dispostos a investir nela e se cansar por elas;
·                    Perseverar;
·                    Repetir os mesmos ensinamentos centenas de vezes se for preciso;
·                    Usar e abusar da criatividade na hora de repetir;
·                    Extravasar bom humor;
·                    Ser um professor mediador;
·                    Amar.
Note o perfil de um professor mediador, segundo L. Tebar Belmonte:

1. Experiente.                  
·                    Domina os conteúdos da matéria.
·                    Faz planejamento e antecipa possíveis problemas e soluções.

2. Estabelece metas.           
·                    Favorece a perseverança.
·                    Desenvolve hábitos de estudo.

3. Tem a intenção de facilitar a aprendizagem significativa.
·                    Favorece a transcendência.
·                    Direciona o desenvolvimento de estratégias.
·                    Enriquece as habilidades básicas superando as dificuldades.

4. Estimula a busca pela novidade.                                      
·                    Fomenta a curiosidade intelectual, a originalidade e o pensamento divergente.

5. Potencializa o sentimento de competência.
·                    Favorece uma autoimagem  realista
·                    Cria uma dinâmica de interesse por alcançar novas metas.

6. Ensina o que fazer, como, quando e por quê.              
·                    Ajuda a mudar o estilo cognitivo dos alunos controlando sua impulsividade.

7. Compartilha as experiências de aprendizagem com os alunos.           
·                    Potencia a discussão reflexiva.
·                    Fomenta a empatia com o grupo.

8. Dá atenção às diferenças individuais dos seus alunos. 
·                    Elabora critérios e procedimentos para tornar explícitas as diferenças psicológicas dos estudantes.

9. Desenvolve nos alunos atitudes positivas.   
·                    Potencia o trabalho individual, independente e original.
·                    Levando-os a praticar valores na sua conduta dentro de sua realidade sociocultural.

Você já deve ter percebido que, apesar de não precisar ser nenhum gênio, o professor mediador carece de algumas características que, resumidas em duas simples palavras poderiam ser interpretadas como “DEDICADO / INTERESSADO”.

Charlotte Fermum Lessa é natural de Bremen, Alemanha, formada em Pedagogia, pós-graduada em Psicopedagogia, especialista em PEI – Programa de Enriquecimento Instrumental níveis I e II de Reuven Feuerstein. Presidente e fundadora do Instituto de Desenvolvimento Humano Kathia Lessa. Além de tradutora e intérprete, Charlotte é também escritora, com oito obras publicadas pela Casa Publicadora Brasileira, na área infantojuvenil.