domingo, 24 de julho de 2011

O bicho papão que invadiu a escola


Primeiro foram computadores e laptops. Agora, são mesas tecnológicas e lousas digitais. Amanhã... Como já temos vivenciado em outras questões relacionadas à nossa prática, primeiro recebemos e depois corremos atrás para conhecer e entender. Fazemos o caminho inverso, o que nos força a buscar soluções nem sempre adequadas e que, em geral, nos trazem mais angústia e sentimentos de inadequação. A utilização de mídias em nosso dia-a-dia corre o risco de continuar sendo mera ferramenta complementar de aulas expositivas, se não tivermos educadores preparados para sua real utilização. Assim como recebemos em nossas escolas crianças portadoras de necessidades especiais, sem tempo hábil para o preparo necessário a um atendimento que corresponda aos anseios de familiares, educadores e alunos, o que menos o educador consegue ter hoje é disponibilidade para sua formação em mídias e novas tecnologias. Se acaso é convocado para participar de um determinado curso, a escola precisa adequar-se rapidamente à falta do professor. Por outro lado, nosso desafio já ultrapassou os limites do hoje. É para ontem. Nossas crianças sabem de cor coreografias e letras de músicas carregadas de erotismo, sabem relatar com detalhes matérias de programas sensacionalistas, cenas inteiras de capítulos de novelas e não sabem interpretar um texto, nem responder a questões sobre o conteúdo das aulas do dia anterior. Será que não poderíamos utilizar estas mídias tão próximas de nossos educandos, e os recursos tecnológicos de que dispomos em nossas escolas,  para auxiliá-los a interpretar e ver, de modo crítico, o mundo? É urgente atraí-los e orientá-los em suas escolhas, acompanhá-los em sua caminhada no mundo globalizado em que vivemos. Mas, antes precisamos domesticar este bicho-papão e torná-lo, definitivamente, nosso amigo. Porque ele invadiu nossas escolas para ficar.

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