quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dia do Orientador Educacional - 4 de dezembro

A Associação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul, AOERGS, enviou convite para confraternização pelo Dia do Orientador Educacional
(04/12). O evento ocorrerá no dia 13 de dezembro, no auditório da Livraria Paulinas, no centro de Porto Alegre, com início marcado para 13h30min. Da programação fazem parte uma palestra com o Orientador Educacional Renato Ferreira Machado: “A construção da Identidade Humana a partir da Educação”, prestação de contas da Diretoria Colegiada, eleição da nova Diretoria Colegiada e Confraternização.
                                       
Se algo pode falar por mim, como Orientadora Educacional, o texto que segue, do qual desconheço a autoria, se apropria de meus pensamentos, sentimentos e ideais desde o dia em que me formei na PUCRS, em 1978. Aproveito para dedicá-lo a todos os colegas Orientadores, em todos os recantos deste nosso belo país, e, de modo muito especial, às colegas Orientadoras do município de Portão/RS: Tânea, Inês, Andréa, Karine e Zenite.



MEU COMPROMISSO COM VOCÊ

Sempre aceitarei que você tem o direito de ser você,
do jeito que você é, do jeito que deseja ser.
Sempre defenderei o seu direito de crescer, de mudar, de se transformar, de realizar os seus sonhos.
Sempre o incentivarei a atingir seus objetivos, a escalar os degraus do sucesso com seu talento e esforço.
Sempre respeitarei seu direito à privacidade e ao desejo de guardar só para si algum segredo.
Sempre entenderei quando você quiser ficar só – para passar suas horas consigo mesmo – seja pelo tempo que for.
Sempre afirmarei que você merece ser amado, que merece amar, ser respeitado, bem cuidado,  e que essas graças não lhe podem ser negadas.
Sempre reconhecerei que você pode questionar quaisquer pessoas ou fatos que afetem a sua vida, ainda que uma das pessoas seja eu, pois você é alguém que eu quero ouvir e que levo a sério.
Sempre tentarei fazer crescer sua auto-estima, sua busca por tudo que você precisa para aprimorar-se, lembrando-o que ninguém pode fazer isso melhor do que você mesmo.
Sempre insistirei que você tem o direito de ser feliz, de encontrar tudo que no mundo possa ser significativo o suficiente para dar-lhe alegria de ser alguém completo.
Sempre me lembrarei de que você tem lealdade e de que sua palavra basta para ter minha confiança.
Sempre, mesmo que você cometa possíveis erros, eu considerarei que você é humano e tem direito a mais chances de acertos e de dar o melhor de si.
Sempre aceitarei que você é um ser livre, que pode competir, que merece ganhar, fazer planos e vê-los realizados.
Sempre desejarei que você se torne alguém cada vez melhor, que jamais deixe passar as grandes oportunidades de crescimento.
Sempre me policiarei para não invadir seus limites, para perceber suas melhores intenções – e muito mais que isso – o seu direito de escolha.
Sempre honrarei essas promessas, porque elas são
MEU COMPROMISSO COM VOCÊ.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DE ONDE VEM A MALDADE?




A ciência desvendou os segredos da maldade. Hoje em dia, os pesquisadores já sabem que a crueldade se manifesta de forma biológica, como uma falha nos circuitos cerebrais, e que pode ter fatores sociais e genéticos. Em entrevista concedida à revista GALILEU, o psiquiatra Fábio Barbirato, chefe do setor de Neuropsiquiatria da Infância e da Adolescência da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, explicou  como essa maldade aparece nas crianças.

 Uma criança pode ser tão maldosa quanto um adulto?
Maldade pode ser definida como falta de empatia. Quando você provoca algum mal a alguém, é porque você não está muito preocupado com que essa pessoa venha se machucar fisicamente ou emocionalmente. Isso significa que você não se importa com o outro. A gente sabe que essa falta de empatia está ligada a algumas áreas do cérebro, como o córtex frontal. Ela também está ligada, em seus casos mais extremos, ao que os antigos chamavam de psicopatia e hoje nós chamamos de personalidade antissocial. O termo utilizado para definir essa mesma falta de empatia em uma criança é transtorno de conduta. Esse transtorno começa na infância e pode ser diagnosticado até os 17 anos. Ele se caracteriza justamente pela falta de empatia e remorso. Um paciente meu, por exemplo, foi proibido pela mãe de sair de casa porque tirou notas baixas. Ele pegou o cachorro da mãe e enfiou várias agulhas nele. Outro paciente pegou o cachorro da mãe e colocou dentro do microondas. E eles não se arrependem disso, falam sem nenhum tipo de remorso. A violência dessa criança pode ser física, ele pode ser aquele garoto que junta uma galera pra bater em outro menino porque ele é mais pobre ou negro, ou tem características homossexuais. Mas essa violência pode aparecer de outras formas – ele pode ser aquela criança que rouba a prova do amigo, por exemplo. Essa violência pode ser observada partir dos 5 anos de idade.

 Porque só conseguimos perceber esse transtorno a partir dos 5 anos?
A gente só pode fazer o diagnóstico a partir dos 5 anos de idade porque as áreas do cérebro ligadas ao comportamento inibitório só se desenvolvem a partir dessa idade. Depois disso, a criança já sabe o que é errado e certo. Sabe que, se machucar alguém, esse alguém vai sentir dor. Ela já consegue se colocar no lugar do outro e já tem a capacidade de inibir seu comportamento se perceber que vai fazer mal a alguém. Depois do diagnóstico, temos que incentivar a família, para não reforçar esse comportamento agressivo e não ser modelo dele.

 Quais as características que identificam a criança com transtorno de conduta?
São crianças que têm comportamentos perversos, agressivos. São aquelas que, quando podem roubar um brinquedo de alguém, vão lá e roubam. Aquelas que batem ou mordem os amigos, mas que fazem de modo que ninguém veja. São crianças que manipulam os adultos. Normalmente, elas são muito sedutoras, conseguem transformar a situação a seu favor. São extremamente inteligentes.

 Essa criança vai levar essas características para a vida adulta?
 70% a 90% dessas crianças desenvolvem uma personalidade antissocial.

 Temos como prevenir isso?
Quanto mais precoce for a identificação do transtorno, melhor. É importante perceber que seu filho está muito agressivo, não demonstra grandes arrependimentos. E aí procurar ajuda. Não há medicação nenhuma que mostre resultado nesses casos. São quadros que precisam de uma reestruturação familiar. A idéia não é ensinar e educar seu filho, mas mudar a dinâmica da família. Comportamentos positivos trazem benefícios muito maiores do que comportamentos negativos.

 Então o papel dos pais é importante no surgimento desses casos?
Não vou falar que eles são causadores, porque está provado que é uma questão orgânica, uma alteração do funcionamento normal do cérebro. Como a criança não tem freio inibitório, acaba tendo comportamentos inadequados. Mas, se o jovem tiver uma família que é mais próxima, que o ajude a perceber que esses atos são danosos aos outros, que o faça notar que o outro se sente incomodado pelas suas atitudes, é possível mudar seu comportamento. Para que, no futuro, esses jovens não tenham que passar por uma intervenção médica ou até mesmo uma internação em uma instituição correcional, como as antigas FEBEM. Porque, provavelmente, muitos dos jovens que estão internados nestas instituições são jovens com transtorno de conduta que não tiveram a facilidade de um diagnóstico precoce e uma ajuda familiar.

 A internação nesse tipo de instituição pode ajudar a recuperar a criança?
Os estudos mostram que é muito importante ter a família junto, para reforçar positivamente cada memória que o jovem tenha. É importante ele estar num ambiente que seja estimulante à melhora do comportamento. Nessas instituições, pelo contrário, ele está convivendo com jovens que também são agressivos, também são violentos e não mostram nenhum tipo de arrependimento. Isso só vai reforçar aquela atitude.

 Por parte de família, que tipo de comportamento poderia aumentar a empatia da criança?
Não existe uma regra, uma receita de bolo. A família tem que prestar atenção se o filho tem pouca empatia, pouco arrependimento, rouba coisinhas da creche. Eles não devem ter preconceitos e procurar uma ajuda o mais rápido possível. Devem procurar um profissional, psiquiatra ou psicólogo especializado nisso, porque assim podem prevenir que no futuro ele venha a ter problemas graves, desde agressividade até abuso de drogas.


Fonte: revistagalileu.globo.com

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Recado aos Pais



Tenho observado, em minha prática, dois fatos preocupantes em relação aos pais de alunos em geral:
Ø  O primeiro diz respeito ao tema de casa, que as professoras costumam passar para os alunos, com o objetivo de reforçar conteúdos. O que tem ocorrido, com uma freqüência indesejável, é a constatação de que os deveres do aluno estão, na verdade, sendo feitos por um familiar. Ou não são feitos. Já me aconteceu de receber a visita de uma conhecida, solicitando minha ajuda para fazer o trabalho de escola de sua filha. A mãe, preocupadíssima, alegava que a menina estava com dificuldades na matéria e o trabalho ajudaria a melhorar suas notas. Perguntei-lhe a razão de a menina não fazer, ela própria, sua tarefa, ao que ela me respondeu: “ela preferiu ir brincar na casa de uma colega.” Não fiquei muito convencida de que esta mãe compreendeu minha negativa em auxiliá-la e as razões pelas quais ninguém deve fazer pela criança o que é de sua obrigação.
É a partir de atos como este que os pais outorgam a seus filhos o poder de domínio sobre eles. A idéia de que a criança não pode sofrer frustrações (uma reprovação seria caótica!) faz com que os pais busquem a solução que lhes parece mais fácil para o momento. Uma facilidade que, inevitavelmente, vai transformar-se no caos que buscam evitar. Acompanhar e orientar exigem tempo e disponibilidade do adulto. Mas, quando os pais não encontram  em si estas condições, duas situações emergem deste contexto: ou a criança vai para a escola sem as tarefas realizadas ou apresenta a tarefa realizada pelo familiar. Nenhuma destas situações vai resultar em efetiva aprendizagem e os resultados serão, mais cedo ou mais tarde, inevitáveis.

Ø  Meu segundo recado refere-se à participação dos pais em reuniões e entregas de boletins. Façamos um cálculo simples. Uma escola com 300 alunos tem 600 pais e mães. Na reunião de pais, convocada pela escola, se todos viessem faltaria lugar. Mas dos 600 pais aparecem (são dados estatísticos) menos de 60! O trimestre tem 90 dias, cada dia 24 horas, o que totaliza 2160 horas trimestrais. A escola pede aos pais apenas uma, no máximo 2 horas, para que discutam os problemas de seus filhos a cada 90 dias. E ainda sobram 2158 horas para os pais se ocuparem de outras coisas. Mas, é justamente nestas 2 horas que compromissos inadiáveis afastam os responsáveis pela criança de sua participação na vida escolar de seus filhos. O que a escola precisa pedir aos pais é que repensem suas prioridades, reavaliem sua atitude. Um dos fatores que influencia muito diretamente nos resultados de aprendizagem das crianças é justamente a percepção que elas tem da importância que o adulto confere ao que elas realizam, seja através do elogio, do diálogo ou da presença dos pais em sua escola.
O mundo mudou muito, e as crianças também. Só uma coisa não mudou: elas continuam a necessitar da presença cuidadora, reguladora, protetora, dedicada e atenciosa dos adultos. E estes adultos elas encontram tanto em casa quanto na escola, e só esperam que façamos nossa parte. De preferência, em harmoniosa parceria.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Deficientes Auditivos Oralizados e a Escola



Até entrar em contato com o caso de Fábio, que ingressou na escola em que atuo na classe de Educação Infantil, eu não sabia exatamente o significado de Deficiência Auditiva Oralizada. O primeiro passo (em minha opinião, o mais difícil) foi trabalhar com os pais do menino a necessidade de um encaminhamento médico, para podermos definir as ações a serem desenvolvidas para o caso. As questões emocionais de todos os envolvidos necessitam de um tempo de escuta, entendimento e aceitação, para que os pais possam estabelecer novos padrões de relacionamento com suas próprias limitações e com as de seu filho. Conversamos com a família, em um primeiro momento, relatando as observações feitas acerca do comportamento característico que Fábio apresentava: não respondia quando chamado pela professora; ora mantinha-se em silêncio e ora agitava-se, perturbando as atividades dos colegas e, quando conversava, fazia-o em um tom de voz muito elevado. Levamos algum tempo para vencer a barreira da tristeza e do constrangimento dos pais, mas, após estabelecermos um vínculo afetivo, que envolvia confiança e o desejo de estabelecermos condições para seu pleno desenvolvimento, Fábio foi levado ao especialista, tendo, assim, diagnosticada sua deficiência auditiva e a necessidade do uso de aparelho.
 Esta fase de descoberta do problema, entrevistas com a família e encaminhamento médico levou aproximadamente 2 anos. Fábio já havia concluído o 1º ano, sem alfabetizar-se e estava em adaptação ao uso do aparelho auditivo. Para auxiliá-lo nesta adaptação foi possível encaminhá-lo para atendimento fonoaudiológico, junto à Secretaria da Saúde do município, o que contribuiu de maneira significativa para um desenvolvimento mais harmonioso da criança em suas atividades escolares e em sua vida emocional.
Neste ano, Fábio está concluindo o 2º ano alfabetizado, com um bom desempenho na leitura e na escrita e totalmente integrado ao grupo. Para isto, foi determinante o acompanhamento de sua professora, uma profissional com larga experiência em educação de crianças portadoras de deficiência auditiva e tradutora de LIBRAS. Foi com esta profissional ímpar, a professora Juliana, que aprendi os principais fundamentos  da Deficiência Auditiva Oralizada, que se aplica ao caso de Fábio. Compartilho, a seguir, alguns dos conhecimentos que adquiri com ela.
Todos os surdos oralizados têm plena capacidade de proceder a leitura labial, o que lhes traz, na maioria dos casos, uma faixa de 90% de compreensão da linguagem falada. As maiores dificuldades que os alunos surdos enfrentam são as seguintes:

- quando o professor fala de costas para os alunos, fica impossível aos portadores de deficiência auditiva que fazem uso da leitura labial acompanhar a aula;
- quando o professor se desloca em sala de aula, o aluno deficiente auditivo perde totalmente o fio condutor do assunto tratado. A alternância entre a leitura labial e o silêncio absoluto traz ao aluno a sensação de que a aula não tem o menor sentido e que os ensinamentos não se encaixam numa correta seqüência lógica;
- quando os professores fazem uso de microfones, deveriam se preocupar em que estes não escondessem os lábios. Para o aluno deficiente auditivo a amplificação do som não lhes ajuda em nada. Todos fazem uso de aparelhos auditivos altamente performantes. A amplificação do som só traz atordoamento e o entendimento da matéria, sem a leitura labial, se torna impossível;
- quando o professor permite que todos os alunos discutam em voz alta, ao mesmo tempo, todos esses sons chegam aos ouvidos do deficiente auditivo no mesmo momento. Como as próteses auditivas são bastante performantes, esses sons se misturam num desarmonioso caos, chegando a confundir o deficiente ou podendo até mesmo, dependendo de como se encontra o ambiente, provocar problemas de dores de cabeça;
- quando informações como datas, horários, provas e testes são simplesmente faladas pelo professor, muitos deficientes auditivos perdem a informação completa;
- quando as aulas são ministradas sem o cuidado de haver isolamento acústico, os deficientes auditivos são extremamente prejudicados. Barulhos como ruídos de ventiladores e ar condicionados sem a devida manutenção, máquinas colocadas na proximidade das salas de aula, pessoas falando em voz alta no corredor, e qualquer outro som não inerente ao que se está tratando em sala de aula, prejudicam a concentração do deficiente auditivo e dificultam o entendimento da matéria exposta.

Para alguns, talvez, estes itens podem representar muito pouco diante da importância do tema. Mas, quando aplicados na prática fazem uma enorme diferença na vida destas crianças. Meu eterno agradecimento à professora Juliana por tudo que me ensinou.

Conhecer Fábio, trabalhar com ele e com sua família trouxe à minha vida profissional uma das mais belas experiências já vividas. Como ser humano basta-me o sorriso, o abraço e a única palavra que me disse em nosso último encontro: “Amo.” Precisa mais?

sábado, 19 de novembro de 2011

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA



Há oito anos o ex-presidente Lula sancionou a lei 10.639/03, tornando obrigatório em todos os estabelecimentos de educação pública e privada o ensino da história e cultura da África e do negro brasileiro no seu currículo pedagógico. A educação escolar tornou-se uma função de grande relevância para melhorar a situação social, econômica dos indivíduos, especialmente, o acesso da comunidade negra. A comunidade escolar não pode mais aceitar que somente algumas culturas sejam contempladas nos currículos. É necessário abolir os privilégios, promover a valorização de cada indivíduo social, oferecer a oportunidade de apropriação de ferramentas básicas do conhecimento que permitem melhor leitura das questões sociais. A democracia só é possível se for viabilizado um projeto de uma sociedade em que todos os seus membros são valorizados e incorporados ao currículo escolar. São conteúdos que propõem abolir a discriminação racial, imprescindíveis para a superação da hierarquia cultural.
Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.

A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira. Na cidade de Portão (RS), onde trabalho na rede municipal de ensino  na função de Orientadora Educacional, teremos, no próximo dia 26, uma celebração pelo Dia da Consciência Negra. Existe, no município, uma comunidade remanescente de Quilombo, no Morro do Macaco Branco, onde está localizada a E.M.E.F. Gonçalves dias, que mantém viva a cultura da comunidade através de um trabalho que inclui, além dos aspectos pedagógicos, a arte da dança afro. Na programação do dia 26 está inclusa a apresentação do Grupo de Danças Afro da escola, que é sempre um momento de encanto e beleza para todos os que assistem.
A data também nos remete à figura marcante de Nelson Mandela e sua luta pelos direitos de todos os Homens à liberdade, igualdade e respeito à vida. E é com uma de suas declarações diante de um tribunal, que encerro este post.
Sawabona, Nelson "Madiba" Mandela!
“Eu tenho lutado contra a dominação branca. Eu tenho lutado contra a dominação negra. Eu tenho sonhado com o ideal de uma sociedade livre e democrática, onde todos possam viver juntos, em harmoniosa convivência e igualdade de oportunidade. É um ideal que eu espero viver, ver e alcançar, mas, se for necessário, é um ideal pelo qual também estou preparado para morrer.”

Um aluno muito especial e a Síndrome de Sanfilippo



Todo profissional necessita atualizar-se para estar em dia com o mundo do trabalho. Penso que, de modo especial, os profissionais de áreas humanas tem o compromisso de manter um olhar atento para a vida, como nós, educadores. Na minha área de atuação, Orientação Educacional, tenho encontrado grandes desafios, juntamente com minhas colegas professoras, no que se refere às crianças que nos chegam com diferentes necessidades especiais. É o caso de um menino que ingressou, no início deste ano, em uma das escolas em que atuo, portador da Síndrome de Sanfilippo. Esta síndrome era, para nós, totalmente desconhecida e, também o foi para as educadoras da APAE, para onde o encaminhamos, com o objetivo de um atendimento complementar e necessário ao caso. Assim, buscamos, todas nós, subsídios que nos permitissem atender esta criança tanto no espaço da escola, quanto na APAE.
Compartilho aqui, um pouco do que consegui encontrar sobre esta síndrome que, segundo estudos recentes, tem uma incidência de 1 a cada 70.000 nascimentos, ou seja, muito rara. O material que segue foi elaborado pela Equipe de Mucopolissacaridoses do SGM-HCPA (Serviço de Genética Médica-Hospital de Clínicas de Porto Alegre), adaptado (com autorização) do original em inglês produzido pela MPS Society (EUA).
A síndrome de Sanfilippo corresponde às mucopolissacaridoses. Esta denominação é uma homenagem ao Dr. Sylvester Sanfilippo, médico que relatou os primeiros casos da doença em 1963. As MPS III  caracterizam-se pela presença de atraso de desenvolvimento, envolvimento do sistema nervoso central (cérebro) e problemas físicos leves. Se o seu filho tem MPS III, é importante saber qual tipo de MPS III ele apresenta (A, B, C ou D). Até o momento, não existe cura para os indivíduos afetados por qualquer tipo de MPS III. Entretanto, existem maneiras de ajudá-los a ter uma melhor qualidade de vida. Os cientistas que estudam as MPS III continuam a procurar por maneiras melhores e mais efetivas para tratá-las.

A MPS III afeta as crianças de maneiras diferentes, e a sua progressão será mais rápida em uns do que em outros. Os bebês geralmente não mostram sinais da doença, mas os sintomas começam a aparecer entre os 2 e 6 anos de idade.As mudanças costumam ser graduais. A doença tende a ter três estágios principais, o primeiro deles caracterizando-se pela presença de atraso de desenvolvimento, o segundo pela presença de hiperatividade, distúrbios de comportamento e do sono, e o terceiro por regressão neurológica.

O crescimento pode estar acelerado nos primeiros anos de vida e, após os 3 anos, pode ser mais lento; a aparência também é normal nos primeiros anos de vida. As alterações de comportamento iniciam geralmente entre os 2 e 6 anos de vida, evoluindo com perda progressiva da capacidade mental. O cabelo tende a ser grosso e os pêlos no corpo podem ser mais abundantes que o normal; as sobrancelhas costumam ser escuras e cheias.

Principais ocorrências:

> O nariz escorrendo.
> As amígdalas e adenóides freqüentemente estão aumentadas e podem bloquear parcialmente a via aérea.
> Dificuldades para respirar.
> Tosses freqüentes e gripes são problemas comuns.
> Durante a noite, eles podem ficar agitados e acordar freqüentemente. Às vezes, pode parar de respirar por curtos períodos de tempo durante o sono: é o que chamamos de apnéia do sono. Com isso, o nível de oxigênio pode ficar baixo durante o sono, podendo causar problemas de coração. Se os pais observarem qualquer alteração no sono, a criança deve ser encaminhada a um especialista em sono e realizar uma polissonografia, isto é, um estudo do sono.
> Podem ter o tamanho da língua aumentado, as gengivas largas e os dentes muito espaçados, pequenos e com esmalte frágil. É importante que os dentes sejam muito bem cuidados, já que a cárie dentária pode ser uma causa de dor. Mesmo com um ótimo cuidado dentário, um abcesso ao redor do dente pode se desenvolver. Irritabilidade, choro e agitação podem ser, às vezes, sinais de um dente infectado em um indivíduo gravemente afetado.
> A doença cardíaca é comum, mas problemas cardíacos sérios raramente ocorrem. Medicamentos estão disponíveis para ajudar a manejar tais problemas. Se a doença piorar, entretanto, uma cirurgia pode ser necessária para substituir as válvulas danificadas.
> O fígado e o baço aumentados pressionam os pulmões e o coração. A mucosa espessada do nariz e da garganta, e o crescimento anormal dos ossos, podem dificultar a passagem de ar aos pulmões. Tudo isso aumenta as chances de desenvolvimento de infecções como otite e sinusite.
> Sofrem, periodicamente, de “fezes soltas” e diarréia. Ainda não se conhecem exatamente as causas deste problema, mas algum distúrbio do sistema nervoso autonômico deve estar envolvido. A diarréia episódica de alguns indivíduos com MPS parece ser influenciada pela dieta; por isso, eliminar alguns alimentos da dieta pode ajudar. Cabe aconselhar os pais a buscarem orientação do médico e de um nutricionista para qualquer alteração a ser feita na alimentação.
> A rigidez das articulações é comum e a amplitude máxima de movimento de todas as juntas pode estar limitada. Tendem a ter poucos problemas com articulações, mas elas podem causar dor à medida que os pacientes se tornam mais velhos.
> As crianças com MPS III têm dedos que ocasionalmente se tornam dobrados devido às contraturas, o que pode dificultar a execução de várias tarefas diárias. Mãos com restrições e deformidades articulares.
>Muitos indivíduos com MPS III ficam em pé e caminham com o joelho e quadril flexionados. Isto, combinado com um tendão de Aquiles encurtado, pode levá-los a andar nas pontas dos pés. Eles também podem ter joelhos para dentro.. Os pés são largos e podem ser rígidos, com os dedos dobrados para baixo, assim como o das mãos.
> A surdez é comum em todos os tipos de MPS III. A surdez pode ser condutiva, sensorial ou mista, e pode piorar com infecções de ouvido freqüentes. É importante que os indivíduos com MPS tenham a sua audição monitorizada regularmente, a fim de que os eventuais problemas possam ser tratados precocemente.

Os cuidados com nosso aluno são constantes e contamos com o apoio de toda equipe e funcionários para atendê-lo em diferentes momentos, como a troca de fraldas, que ele faz uso devido a ocorrência freqüente do descontrole intestinal. Quanto aos aspectos de socialização, observamos um claro desenvolvimento em suas habilidades de comunicação e participação nas atividades grupais. Também observamos uma disposição aberta dos colegas em auxiliá-lo, sempre que necessário. A participação da família é fundamental para o desenvolvimento de nosso trabalho. É através deste vínculo que podemos trocar informações e avaliar o desenvolvimento desta criança tão especial para nós.








quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lista de checagem sobre práticas inclusivas na sua escola





Esta lista poderá ser útil para avaliar o grau de consistência entre as práticas inclusivas da sua escola e os ideais do movimento de inclusão escolar. Para cada item, atribua o sinal + (positivo) quando a sua resposta for SIM para a pergunta principal ou o número O (zero) quando a sua resposta for SIM para a pergunta inserida entre colchetes.
Os itens marcados com o número O poderão ser tomados como ponto de partida para debates em sua escola, envolvendo diretor, professores, coordenadores, alunos e pais. Vista neste contexto, uma escola inclusiva seria caracterizada não tanto por um conjunto de práticas e sim pelo seu compromisso em desenvolver continuamente a capacidade de acolher uma ampla gama de diferenças individuais entre seus alunos.
Providencie várias cópias desta lista a fim de que mais pessoas possam utilizá-la.

1. Partimos verdadeiramente da premissa de que cada aluno pertence à sala de aula que ele freqüentaria se não possuísse deficiência? [Ou agrupamos alunos com deficiência em classes separadas ou escolas especiais?]
2. Individualizamos o programa instrucional para todos os alunos, sejam eles deficientes ou não, e oferecemos os recursos que cada aluno necessita para explorar interesses individuais no ambiente escolar? [Ou temos a tendência de oferecer os mesmos tipos de programa e recursos para a maioria dos alunos que possuem o mesmo rótulo diagnóstico?]
3. Estamos plenamente comprometidos em desenvolver uma comunidade que se preocupe em fomentar o respeito mútuo e o apoio entre a equipe escolar, os pais e os alunos, comunidade essa na qual acreditamos honestamente que os alunos sem deficiência podem beneficiar-se da amizade com colegas deficientes e vice-versa? [Ou as nossas práticas tacitamente toleram que alunos não-deficientes mexam com colegas deficientes ou os isolem como se estes fossem seres estranhos?]
4. Nossos professores comuns e educadores especiais já integraram seus esforços e seus recursos de tal forma que eles possam trabalhar juntos como parte integrante de uma equipe unificada? [Ou estão eles isolados em salas separadas e departamentos separados com supervisares e orçamentos separados?]
5 . A nossa diretoria cria um ambiente de trabalho no qual os professores são apoiados quando oferecem ajuda um para o outro? [Ou os professores têm receio de serem considerados incompetentes se pedirem colaboração no trabalho com os alunos?]
6. Estimulamos a plena participação dos alunos com deficiência na vida da nossa escola, inclusive nas atividades extracurriculares? [Ou eles participam apenas na parte acadêmica de cada dia escolar?]
 7. Estamos preparados para modificar os sistemas de apoio para os alunos à medida que suas necessidades mudem ao longo do ano escolar de tal forma que eles possam atingir e experienciar sucessos e sentir que verdadeiramente pertencem à sua escola e à sua saia de aula? [Ou às vezes lhes oferecemos serviços tão limitados que eles ficam fadados ao fracasso?]
8. Consideramos os pais de alunos com deficiência uma parte plena da nossa comunidade escolar de tal forma que eles também possam experienciar o senso de pertencer? [Ou os deixamos com uma Associação de Pais e Mestres separada e lhes enviamos um jornalzinho separado?]
9. Damos aos alunos com deficiência o currículo escolar pleno na medida de suas capacidades e modificamos esse currículo na medida do necessário para que eles possam partilhar elementos destas experiências com seus colegas sem deficiência? [Ou temos um currículo separado para alunos deficientes?]
10. Temos incluído, com apoios, os alunos deficientes no maior número possível de provas e outros procedimentos de avaliação a que se submetem seus colegas não-deficientes? [Ou nós os excluímos destas oportunidades sob o argumento de que eles não podem beneficiar-se delas?]

Tradução e adaptação de Romeu Kazumi Sassaki
Fonte: Joy Rogers, Research Bulletin (maio 1993), Center for Evaluation, Development, and Research, Phi Delta Kappa, Bloomington, Indiana. Esta lista foi anexada a um memorando, Basic Education Circulars Ganeiro 1995), "Colocação de Alunos de Educação Especial - Política de Inclusão", escrito por Joseph F. Bard, Diretor da Educação de I' e 2' Graus, Secretaria Estadual de Educação, Pensilvânia, EUA.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sendo aprendiz





Estarei ausente nos próximos 3 dias. Além do aspecto profissional da vida, existe em mim a necessidade de reabastecer minhas energias como ser humano e, neste percurso, sinto-me sempre uma aprendiz da vida. Até lá, deixo uma mensagem, sobre a qual podemos refletir.
Que a Paz esteja presente em todos os corações.

"Depois de uma grande tempestade, o menino que estava passando férias na casa do seu avô, o chamou para a varanda e falou: Vovô, corre aqui!
Me explica como esta figueira, árvore frondosa e imensa, que   precisava de quatro homens para abraçar seu tronco se quebrou, caiu com vento e com chuva, e este bambu tão fraco continua de pé ?
Filho, o bambu permanece em pé porque teve a humildade de se curvar na hora da tempestade. A figueira quis enfrentar o vento. O bambu nos ensina sete coisas. Se você tiver a grandeza e a humildade dele, vai experimentar o triunfo da paz em seu coração.
A primeira verdade que o bambu nos ensina, e a mais importante, é a humildade diante dos problemas, das dificuldades. Eu não me curvo diante do problema e da dificuldade, mas diante daquele, o único, o princípio da paz, aquele que me chama, que é o Senhor.
Segunda verdade: o bambu cria raízes profundas. É muito difícil arrancar um bambu, pois o que ele tem para cima ele tem para baixo também. Você precisa aprofundar a cada dia suas raízes em Deus na oração.
Terceira verdade: Você já viu um pé de bambu sozinho? Apenas quando é novo, mas antes de crescer ele permite que nasça outros a seu lado (como no cooperativismo). Sabe que vai precisar deles. Eles estão sempre grudados uns nos outros, tanto que de longe parecem com uma árvore. Às vezes tentamos arrancar um bambu lá de dentro, cortamos e não conseguimos. Os animais mais frágeis vivem em bandos, para que desse modo se livrem dos predadores.
A quarta verdade que o bambu nos ensina é não criar galhos. Como tem a meta no alto e vive em moita, comunidade, o bambu não se permite criar galhos. Nós perdemos muito tempo na vida tentando proteger nossos galhos, coisas insignificantes que damos um valor inestimável. Para ganhar, é preciso perder tudo aquilo que nos impede de subirmos suavemente.
A quinta verdade é que o bambu é cheio de “nós” ( e não de eu’s ). Como ele é ôco, sabe que se crescesse sem nós seria muito fraco. Os nós são os problemas e as dificuldades que superamos. Os nós são as pessoas que nos ajudam, aqueles que estão próximos e acabam sendo força nos momentos difíceis. Não devemos pedir a Deus que nos afaste dos problemas e dos sofrimentos. Eles são nossos melhores professores, se soubermos aprender com eles.
A sexta verdade é que o bambu é ôco, vazio de si mesmo. Enquanto não nos esvaziarmos de tudo aquilo que nos preenche, que rouba nosso tempo, que tira nossa paz, não seremos felizes. Ser ôco significa estar pronto para ser cheio do Espírito Santo.
Por fim, a sétima lição que o bambu nos dá é exatamente o título do livro: ele só cresce para o alto. Ele busca as coisas do Alto.
Essa é a sua meta."

Fonte: Livro “Buscando as coisas do Alto”, de Padre Léo


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SONDAGEM E ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS



A cada novo conteúdo a ser ensinado, de acordo com seu planejamento, você se depara com a tarefa de sondar quanto a turma já sabe sobre aquilo para determinar como levá-la a avançar. Quando há uma criança com deficiência na sala, a história não deve ser diferente. É preciso verificar também o que ela já conhece e seguir em frente com a etapas previstas. Mais do que se basear num diagnóstico médico que limite as possibilidades dela, proponha situações de aprendizagem desafiadoras para descobrir até onde ela pode chegar.

Colocando o foco no aprendizado e considerando cada criança em suas particularidades, você evita a preocupação demasiada com os sintomas ou com a adequação do comportamento dela. “É muito complicado transportar um diagnóstico médico para a sala de aula. Ele ajuda, mas não pode ser um rótulo que se tenha de carregar e impeça o aprendizado”, afirma Simone Kubric, educadora do Trapézio – Grupo de Apoio à Escolarização, em São Paulo. Não são raras as ocasiões em que o aluno supera as expectativas criadas pelos médicos, surpreendendo a todos com seu desempenho.

Para investigar o que os alunos com algum tipo de deficiência já sabem, você pode usar as mesmas estratégias que prepara para os demais, desde que adote diferenciações adequadas a cada necessidade da criança. O importante é colocar todos os estudantes em contato com aquilo que pretende ensinar.

A estratégia escolhida deve permitir que eles usem, durante a sondagem, informações e práticas já conhecidas. Os resultados dão uma ideia dos conhecimentos prévios de cada um, evitando que você proponha situações fáceis demais – e, portanto, desmotivantes – ou apresente algo exageradamente complexo, que os alunos, naquele momento específico, ainda não têm condição de se apropriar.

Dada a aula, você tem pela frente a tarefa de avaliar o que todos aprenderam. Aqui é preciso evitar o erro de comparar crianças diferentes, ou querer nivelar o desenvolvimento da turma. Isso vale para crianças com e sem deficiência. O desempenho de cada aluno deve ser confrontado com o conhecimento prévio que ele tinha, levando em conta suas possibilidades individuais. “O correto é comparar cada aluno com ele mesmo”, diz Silvana Lucena Drago, responsável pelo setor de Educação Especial da Diretoria de Orientação Técnica da prefeitura de São Paulo.
Avaliação de atitudes
Para que a avaliação do aluno com deficiência saia a contento, é importante ter em mente o que se quer que ele aprenda, quais são os objetivos que ele deve atingir e os conteúdos a dominar. Outra tarefa é determinar as metodologias e estratégias que serão adotadas. Nesse sentido, vale lembrar que todas as atividades oferecem elementos para avaliação. Atitudes muito simples, como se reunir em grupo, permanecer sentado na carteira, se alimentar, cuidar da higiene pessoal sozinho e utilizar os materiais escolares corretamente podem ser considerados grandes avanços para estudantes com deficiência intelectual. A observação de todos no dia a dia é sempre de grande valia para o professor.

"O educador não pode apenas procurar o que está errado no aluno. O importante é verificar o que ele foi capaz de aprender", diz Maria Tereza Esteban, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro. E, no caso das crianças e dos jovens com deficiência, pequenas atitudes são sempre indícios de progressos, mesmo que eles não apreendam todo o conteúdo que você tentou ensinar na sua disciplina.

Para acompanhar a aprendizagem das crianças, é preciso fazer registros diários sobre o desempenho delas e compilar os trabalhos que realizam em sala. Esse material pode ser transformado num portfólio (arquivo da produção dos alunos). A periodicidade com que esses registros são transformados em notas depende da política educacional de cada escola. Pode ser bimestral ou trimestral.

O importante é que esses progressos sirvam de instrumento para que você verifique o que cada um aprendeu e, especialmente no caso dos alunos com deficiência, planeje estratégias diferenciadas para que eles não parem de avançar. Essa verificação também servirá para o planejamento dos objetivos seguintes. Assim você sempre poderá determinar com mais segurança o que ensinar a cada etapa e qual a maneira mais apropriada de fazer isso.

Comportamento nas provas
A forma de se comportar no ambiente escolar, além de ser ensinada, precisa ser também avaliada. Um aspecto particularmente importante é como se portar durante uma prova. Nesses tempos em que as avaliações de sistemas estão se tornando cada vez mais frequentes, trabalhar essa questão com aqueles que apresentam deficiência ganha importância.

Alunos com necessidades especiais das escolas municipais da capital paulista, por exemplo, já são submetidos à Prova São Paulo, que avalia os estudantes do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa e Matemática. Para participar, os alunos com autismo, por exemplo, contam com a ajuda de um professor com quem tenham mais afinidade. As crianças com deficiência visual severa recebem a prova em braile ou fazem o exame com a ajuda de ledor e escriba.

Na Rede Estadual de São Paulo, todos os alunos participam do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), que serve de base para o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Mas algumas flexibilizações são contempladas, como no caso dos alunos com deficiência intelectual. Eles fazem a prova como os demais, na perspectiva da inclusão, mas as notas alcançadas por eles não são contabilizadas no resultado final do exame.
 José Roberto Correia

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PERFEIÇÃO


Quando se observa a natureza, logo se percebe que sua beleza está no permanente movimento de suas mudanças...Imagine uma coisa perfeita, que finalmente atingisse sua plenitude existencial, o seu ponto de chegada, de onde não mais precisasse progredir em nenhuma direção, de onde mais nenhum atributo, ou qualidade, existente no universo lhe pudesse ser acrescentada. Seria perfeito sem dúvida, mas, teria motivo para existir? Por que algo é criado senão por um motivo? Sem motivo, haveria razão para a existência de alguma coisa?
Qual a razão de criarmos um abrigo se não nos sentimos desabrigados? Há diferença entre o motivo e a coisa criada? O simples fato de existir uma coisa, qualquer que seja, já não é o seu motivo existencial?
Um mundo perfeito só poderia ser feito por indivíduos perfeitos, mas, o fato de existirem os indivíduos já não sugere que eles estão inacabados? Algo já concluído, finalizado, sem mais espaço para aperfeiçoamentos, sem mais nenhum ponto a ser corrigido, qual seria sua função, qual seria a razão da sua existência?            
 Supondo a semente perfeita, logo, ela não mais poderia deixar de ser semente, ou estaria se transformando em outra coisa. Não poderia germinar e se transformar em árvore, ou ser triturada e transformada em alimento, pois, nas duas situações deixaria de ser semente.
Uma criança não pode permanecer criança, isso não é possível, pois há uma natural e permanente transformação em sua fisiologia. Ela crescerá, se tornará adulta, à revelia de sua vontade. Não depende dela, ela já nasceu com essa proposta, não caberá a ela escolher. Nasceu para se modificar e não para ficar estática. Nascer já representa uma transformação de si mesmo, uma vez que deixou de ser um óvulo latente, ou simples embrião.
Nasce porque ainda não está completa, como “ser” não está acabada, finalizada, ou esgotou toda e qualquer possibilidade de transformação. Fosse assim sequer poderia ter nascido, uma vez que o próprio nascer já representa uma transformação, deixou de ser um óvulo fecundado, se tornou um ente vivo.
Permanecendo para sempre semente, sem mudar em nada sua natureza, ou estrutura, perderia sua utilidade, como semente. Até que poderia ser usada para outro fim, não natural, como servir de mostruário. Mas, qual o função original da árvore ao gerar sua semente, senão o de multiplicar-se, ou transformar-se em fonte de energia para o que quer que seja? Sem essa função, teria a semente, para a natureza, alguma utilidade?
E eis a regra da natureza de todas as coisas, a transformação, não voluntária, mas involuntária. Não há como evitar, não depende de nós, trata-se de um processo natural, ocorre sem depender de opiniões, ou conceitos, ou tratados sociais, ou crenças.
Se algo existe para se modificar, pela lógica, está em processo de aperfeiçoamento, ou não precisaria mais de retoque algum. Nasceria estático, não nasceria. Sendo o processo de nascimento, em si, uma transformação, aquilo que é por natureza, estático, não poderia nascer. Isso seria uma violação da sua condição estática.             
O permanente ajuste, não em busca da perfeição, mas de uma melhor qualidade a cada transformação...
 E o fato é que, nada que exista é perfeito, pelo menos não segundo o que para nós significa o termo. Perfeito quer significar, para nós, bem feito, sem falhas, sempre em comparação com o nosso ideal de perfeição. Nosso ideal não pode servir de modelo, uma vez que somos incompletos, imperfeitos, falhos. Assim, nosso modelo de perfeição ainda é imperfeito, sempre nele caberão mais e mais aperfeiçoamentos.
Perfeita seria a intocável lei das mudanças, da permanente transformação de tudo que há; imperfeito para sempre seria o objeto sobre o qual essa lei atua. Mas imperfeito não quer dizer mal feito, antes disso, seria mais adequado chamá-lo de parcialmente feito, ou incompleto. Existe para se modificar, não sabemos até quando, não sabemos o porquê, apenas sabemos, ou melhor, podemos evidenciar que é assim.
           
Anne Marie Lucille
Psicopedagoga, Pesquisadora e Escritora.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Uma reflexão necessária



Li, recentemente, um artigo da Psicóloga Escolar Luciana Stoppa dos Santos, intitulado "Transtornos de Aprendizagem e Fracasso Escolar: uma correlação possível?" e reproduzo-o a seguir, sugerindo que, além de refletir sobre o tema, possamos compartilhar com colegas e ampliarmos nosso olhar para nossa prática educativa.

"Não é raro professores receberem dos médicos um rol de estratégias pedagógicas a serem utilizadas com alunos com Dislexia e TDAH. O Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos (2009)  afirma: “sem dúvida o cérebro pode armazenar informações. Mas que tipo de informações? Os neurocientistas não tratam destas questões. Responder a elas é o trabalho de cientistas cognitivos, pesquisadores educacionais e outros estudiosos que investigam os efeitos das experiências sobre o comportamento e o potencial humano”. Mas será que os educadores estão assumindo seu importante papel de mediadores da aprendizagem? Estão sendo investigadores e “especialistas” em estratégias pedagógicas dentro da sala de aula? Corremos o risco do Fracasso Escolar tornar-se problema de saúde pública e não de educação, legando à Dislexia e ao TDAH as causas do “não aprender”, ou seja, reduz-se uma questão com sérias implicações culturais, econômicas e socais à um fenômeno biológico.
Não se trata de negar o substrato biológico, mas trata-se de ampliar a discussão de um problema que tem sérias implicações sociais, econômicas e culturais. Acredito que há muitas lacunas na formação do professor quanto às bases neurais da aprendizagem, contudo tal formação deve abordar questões relacionadas ao funcionamento do cérebro saudável, para então pensar no cérebro com o possível transtorno. Ao prover este tipo de formação o professor terá total condição de traçar estratégias pedagógicas para ensinar a todos e a cada um em suas especificidades. Quando esta privilegia o cérebro com transtorno, o perigo é intensificar avaliações subjetivas – os estereótipos – que corroboram o sucesso ou o fracasso escolar dos alunos.
Collares e Moysés  ressaltam esse processo quando afirmam que “a aprendizagem e a não-aprendizagem sempre são relatadas como algo individual, inerente ao aluno, um elemento meio mágico, ao qual o professor não tem acesso, portanto, também não tem responsabilidade”. O diagnóstico atribui (ainda que não explicitamente) a responsabilidade de não aprender unicamente à criança. Educadores, psicólogos e demais profissionais devem estar alertas às conseqüências da cultura de medicalização da sociedade, de um discurso que há séculos dita normas e padrões de saúde e doença, incluindo nestes “desvios da normalidade” as questões do “não aprender na escola”. Ainda que consideremos o TDAH e a Dislexia como fatores que interferem no não aprender, temos uma parcela imensa de crianças não diagnosticadas que não aprendem. E o que dizer daquelas que estão dentro da curva normal: será que estão aprendendo da melhor forma?

Acredito que estratégias eficientes para crianças com TDAH e Dislexia podem e devem ser utilizadas com todas as crianças, pois normalmente privilegiam a presença do educador junto ao aluno e conseqüentemente favorecem o olhar deste profissional para as peculiaridades do mesmo. Falar sobre o fracasso escolar implica discutir concepções de infância, de família e de escola, ampliando assim, o universo de reflexão e distanciando a questão da simples medicalização ou patologização do “não aprender”. Se outras discussões são necessárias, partamos a elas.
A criança dos últimos vinte anos cresce em espaços extremamente limitados e convive muito pouco com seus pais, sendo que os profissionais da escola são muitas vezes os únicos adultos com quem ela se relaciona durante um dia inteiro. Por sua vez, os pais educados de maneira repressiva e que por conta das exigências mercadológicas distanciam-se de seus filhos, compensam a ausência com excesso de mimos e de permissividade, não permitindo a eles desenvolverem a importantíssima capacidade de tolerar frustrações! Somado a isso, há o intenso bombardeio de informações vindas dos veículos de comunicação e a presença maciça e muitas vezes indiscriminada da tecnologia na vida de crianças bem pequenas. As mudanças de paradigmas são inevitáveis, porém vêm sempre acompanhadas de excessos: na tentativa de construir novas formas de ressignificar a vida, o ser humano acaba indo de um extremo ao outro! E as crianças tornam-se as maiores vítimas deste processo. O que dizer ainda do modelo educacional que segue à risca a cartilha da medicalização, padronizando e excluindo o que não se adapta: crianças portadoras de deficiência, por exemplo, conquistaram somente a partir da LDB de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases para a Educação – o direito de freqüentar as escolas regulares, fora das salas especiais (essa ainda é uma questão polêmica, pois muitas escolas não se adaptaram para receberem as crianças).  A educação médica privilegia o sintoma e deixa de lado o sentido de sua manifestação. Os “sintomas” que temos são: crianças inquietas, “indisciplinadas”, que não estão aprendendo e que continuam sendo ignoradas. Entretanto, cabe aos profissionais da educação e gestores públicos identificar as causas do fenômeno e aplicar as medidas adequadas para solucioná-lo. Solucionar os “problemas de não aprender” significa promover a reestruturação dos projetos político-pedagógicos e dos currículos. Tal reestruturação deve ser acompanhada de mudanças na concepção de aprendizagem, que estimula a competição e responsabiliza unicamente o aluno ou a escola pelo sucesso e pelo fracasso, ao ser referendada pelo resultado.
Além disso, importa ficar atento às manobras políticas que se travestem em políticas de equidade como slogans do tipo “Educação para todos”. Para o Estado, a “redução” nos índices de Fracasso, ou redução da Evasão Escolar, significa a diminuição de custos sociais (menores investimentos em cultura, lazer e prevenção de violência, visto que as crianças agora estão dentro da escola) e políticos (a sociedade deixa de pressionar o Estado). Agora o aluno não abandona a escola, afinal a aprovação é compulsória. Entretanto, Freitas  afirma que houve, desse modo, a internalização do fracasso, pois o sistema educacional transformou a exclusão formal em exclusão subjetiva ao criar trilhas desvalorizadas no interior da escola, usando recursos como salas de aceleração, reforço de ciclo e correção de fluxo.

Não critico a progressão continuada, pois acredito que a reprovação não garante o aprendizado. Ao contrário, aponto algumas deturpações no modelo brasileiro, que não a utiliza da maneira como foi concebida – aqui ela acaba sendo aprovação automática. Diante de polêmicas como estas, como ficam neurocientistas e educadores que se propõem a integrar as ciências do ensino-aprendizagem sem cair no lugar comum de apenas conhecer sobre a doença e seu diagnóstico? Qual o papel dos profissionais da educação que buscam essa nova forma de compreensão do fenômeno da aprendizagem? Acredito que a integração é aquela que busca dirimir qualquer concepção que exprima dualidade e considera os indivíduos a partir de seus determinantes subjetivos, sociais, culturais e biológicos. Dialogar e transitar por diferentes áreas de conhecimento – filosofia, antropologia, sociologia, psicologia, pedagogia e neurociência – é fundamental para o educador moderno, que cria novas possibilidades de trabalho dentro e fora da sala de aula e que tem papel decisivo na sistematização de novos conhecimentos e no direcionamento da agenda de pesquisas na academia."

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Inteligência Naturalista



Um dos mais fascinantes temas da ciência é como surgiu a inteligência humana ao longo da evolução dos grandes primatas aos hominídeos, chegando até o ser humano. A inteligência é um tema fascinante porque nos dá a chave para o tesouro do entendimento sobre nós mesmos e como a seleção natural pôde produzir tamanha maravilha como o cérebro humano e sua capacidade, em tempo tão curto.
 Mas o que é inteligência? Parece que existem tantas definições de inteligência quanto existem cientistas trabalhando no campo. De acordo com a Enciclopédia Britânica, "ela é a habilidade de se adaptar efetivamente ao ambiente, seja fazendo uma mudança em nós mesmos ou mudando o ambiente ou achando um novo ambiente". Esta é uma definição inteligente, porque ela incorpora aprendizado (uma mudança em nós mesmos), manufatura e abrigo (mudança do ambiente) e migração (encontrando um novo ambiente). A inteligência é uma entidade multifatorial, envolvendo  linguagem, pensamento, memória, raciocínio, consciência (a percepção de si mesmo), capacidade para aprendizagem e integração de várias modalidades sensoriais. De modo a nos adaptar efetivamente, o cérebro deve usar todas estas funções.
Adicionada recentemente pelo psicólogo americano Howard Gardner (1999) à lista de inteligências múltiplas, a inteligência naturalista é a capacidade para reconhecer e classificar as espécies e organismos, animais e plantas do ambiente, como também para cuidar deles, domesticá-los e interagir com eles; sua operação nuclear é o reconhecimento de certas espécies próximas e o estabelecimento de relações entre umas espécies e outras; os diferentes sistemas linguísticos e taxonômicos para classificar plantas e animais codificariam simbolicamente esta inteligência (COOL, MARCHESI, PALACIOS & COLS).
Também conhecida como inteligência biológica ou ecológica, a inteligência naturalista manifesta-se em diferentes níveis: do jardineiro ao paisagista, do "amante" da natureza ao florista. É a inteligência dos envolvidos em causas ecológicas, como os ambientalistas, espiritualistas, geógrafos, zoólogos, etc. Presente de maneira extremamente marcante em personagens geniais como Charles Darwin, Laplace, Humboldt e outros.A habilidade de Darwin para identificar e classificar insetos, pássaros, peixes e mamíferos, resultou na sua teoria da evolução, que figura como uma das maiores contribuições intelectuais do século dezenove.
Porém, as habilidades de observar, coletar e categorizar podem ser também aplicadas ao meio humano, como uma criança que organiza figurinhas de seus ídolos em um álbum de esportes ou de um adulto que classifica variações em impressões digitais.
Atualmente, o meio ambiente está bastante diferente daquele que existia na segunda metade do século 19, quando Darwin navegou no H. M. S. Beagle. As áreas selvagens são raras, vestígios identificados e protegidos de uma era remota.
A juventude de hoje passa as férias em shoppings com ar condicionado e as crianças têm poucas oportunidades para familiarizarem-se com a natureza, para desenvolverem sua inteligência naturalista e adquirirem um sentido de mundo com plantas e animais. Porém, Gardner sugere que os jovens usem sua inteligência naturalista, para reconhecer, classificar e organizar figuras sobre esportes ou automóveis, por exemplo.
 O trabalho com a inteligência naturalista está apenas começando. Por exemplo, estuda-se suas diferenças e semelhanças com a inteligência lógico -matemática. Procura-se um meio de deixar os estudantes usarem suas habilidades para identificar e organizar. Idealmente, pode-se fornecer um cenário naturalista para essa inteligência.  Pode-se pedir aos estudantes para criarem categorias de classificação de personagens históricos e organizá-los de modo que explique os acontecimentos, ou então levar a classe para uma viagem a uma área natural de preservação. É necessário começar a procurar por essa inteligência nos estudantes, pois a razão de trazer a teoria das inteligências múltiplas para as salas de aula é fornecer aos alunos mais caminhos para serem bem sucedidos, e a inteligência naturalista oferece um meio a mais para ajudar os estudantes a compreender e aprender.
Uma vez que cabe à escola contribuir para o desenvolvimento harmonioso das crianças, cabe-lhe também, proporcionar os meios para o incremento das capacidades relativas a todos os tipos de inteligência, especialmente a inteligência pessoal na sua relação com a Inteligência Naturalista, na medida em que estas inteligências são as principais responsáveis pela compreensão do próprio ser humano. Os novos paradigmas da educação expressam bem a idéia de que a melhoria da qualidade de vida começa pela melhoria da qualidade das relações entre as pessoas.
 Então, cabe-nos, enquanto educadores, lembrar que "inteligência não é um processo mental único, mas sim uma combinação de muitos processos mentais dirigidos à adaptação efetiva ao ambiente", conforme definição da EB.