segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Inteligência Naturalista



Um dos mais fascinantes temas da ciência é como surgiu a inteligência humana ao longo da evolução dos grandes primatas aos hominídeos, chegando até o ser humano. A inteligência é um tema fascinante porque nos dá a chave para o tesouro do entendimento sobre nós mesmos e como a seleção natural pôde produzir tamanha maravilha como o cérebro humano e sua capacidade, em tempo tão curto.
 Mas o que é inteligência? Parece que existem tantas definições de inteligência quanto existem cientistas trabalhando no campo. De acordo com a Enciclopédia Britânica, "ela é a habilidade de se adaptar efetivamente ao ambiente, seja fazendo uma mudança em nós mesmos ou mudando o ambiente ou achando um novo ambiente". Esta é uma definição inteligente, porque ela incorpora aprendizado (uma mudança em nós mesmos), manufatura e abrigo (mudança do ambiente) e migração (encontrando um novo ambiente). A inteligência é uma entidade multifatorial, envolvendo  linguagem, pensamento, memória, raciocínio, consciência (a percepção de si mesmo), capacidade para aprendizagem e integração de várias modalidades sensoriais. De modo a nos adaptar efetivamente, o cérebro deve usar todas estas funções.
Adicionada recentemente pelo psicólogo americano Howard Gardner (1999) à lista de inteligências múltiplas, a inteligência naturalista é a capacidade para reconhecer e classificar as espécies e organismos, animais e plantas do ambiente, como também para cuidar deles, domesticá-los e interagir com eles; sua operação nuclear é o reconhecimento de certas espécies próximas e o estabelecimento de relações entre umas espécies e outras; os diferentes sistemas linguísticos e taxonômicos para classificar plantas e animais codificariam simbolicamente esta inteligência (COOL, MARCHESI, PALACIOS & COLS).
Também conhecida como inteligência biológica ou ecológica, a inteligência naturalista manifesta-se em diferentes níveis: do jardineiro ao paisagista, do "amante" da natureza ao florista. É a inteligência dos envolvidos em causas ecológicas, como os ambientalistas, espiritualistas, geógrafos, zoólogos, etc. Presente de maneira extremamente marcante em personagens geniais como Charles Darwin, Laplace, Humboldt e outros.A habilidade de Darwin para identificar e classificar insetos, pássaros, peixes e mamíferos, resultou na sua teoria da evolução, que figura como uma das maiores contribuições intelectuais do século dezenove.
Porém, as habilidades de observar, coletar e categorizar podem ser também aplicadas ao meio humano, como uma criança que organiza figurinhas de seus ídolos em um álbum de esportes ou de um adulto que classifica variações em impressões digitais.
Atualmente, o meio ambiente está bastante diferente daquele que existia na segunda metade do século 19, quando Darwin navegou no H. M. S. Beagle. As áreas selvagens são raras, vestígios identificados e protegidos de uma era remota.
A juventude de hoje passa as férias em shoppings com ar condicionado e as crianças têm poucas oportunidades para familiarizarem-se com a natureza, para desenvolverem sua inteligência naturalista e adquirirem um sentido de mundo com plantas e animais. Porém, Gardner sugere que os jovens usem sua inteligência naturalista, para reconhecer, classificar e organizar figuras sobre esportes ou automóveis, por exemplo.
 O trabalho com a inteligência naturalista está apenas começando. Por exemplo, estuda-se suas diferenças e semelhanças com a inteligência lógico -matemática. Procura-se um meio de deixar os estudantes usarem suas habilidades para identificar e organizar. Idealmente, pode-se fornecer um cenário naturalista para essa inteligência.  Pode-se pedir aos estudantes para criarem categorias de classificação de personagens históricos e organizá-los de modo que explique os acontecimentos, ou então levar a classe para uma viagem a uma área natural de preservação. É necessário começar a procurar por essa inteligência nos estudantes, pois a razão de trazer a teoria das inteligências múltiplas para as salas de aula é fornecer aos alunos mais caminhos para serem bem sucedidos, e a inteligência naturalista oferece um meio a mais para ajudar os estudantes a compreender e aprender.
Uma vez que cabe à escola contribuir para o desenvolvimento harmonioso das crianças, cabe-lhe também, proporcionar os meios para o incremento das capacidades relativas a todos os tipos de inteligência, especialmente a inteligência pessoal na sua relação com a Inteligência Naturalista, na medida em que estas inteligências são as principais responsáveis pela compreensão do próprio ser humano. Os novos paradigmas da educação expressam bem a idéia de que a melhoria da qualidade de vida começa pela melhoria da qualidade das relações entre as pessoas.
 Então, cabe-nos, enquanto educadores, lembrar que "inteligência não é um processo mental único, mas sim uma combinação de muitos processos mentais dirigidos à adaptação efetiva ao ambiente", conforme definição da EB.


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